«Na Agricultura não falta emprego, falta é gente para trabalhar».


 «Na Agricultura não falta emprego, falta é gente para trabalhar». A frase é da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que falava ontem à noite, a propósito do Banco de Terras, a recente proposta do Governo, para relançar o sector. Diz Assunção que é preciso contrariar a ideia de que trabalhar neste sector «é uma vida de dificuldades» e passar a mensagem de que as pessoas «podem ganhar dinheiro e enriquecer». Em parte a ministra tem razão, porque «trabalhar de sol a sol», na miséria, é uma imagem de um outro Portugal. E há bons exemplos de jovens e menos jovens, que avançaram com projectos ambiciosos no Interior e estão a ter muito sucesso na Agricultura. Contudo, a frase, dita desta forma, arrisca-se a ser olhada de forma negativa. Com uma taxa de desemprego nos 15%, obviamente que «gente para trabalhar» temos e é o que mais por aí não falta. Deixo uma questão: se temos de sair da tal «zona de conforto», como tantos agora por aí dizem, porque não coloca o Estado muitos destes desempregados a trabalhar nas terras do Estado lá no Interior? A mobilidade também é isso, ou não? E se para o Governo dá dinheiro e é um sector com futuro, estão, afinal, à espera do quê? O problema da agricultura é muito mais complexo e requer muito tempo para se pensar sobre ele. Mas esta é a ministra errada no lugar errado. Sabemo-lo. Ainda assim, siga, não se pode pedir mais.

Comentários

João Pico disse…
Falta chuva para alguém poder pensar em agricultura e falta saber quem vai apagar os consequentes surtos de fogos, que incindindo nas florestas acabam sempre por arrasar casas e terras de semeadura.
Falta dinheiro para no fim do mês pagar aos desempregados, que já não comem desde "ontem". Será que gente carente de alimentação e outros bens conseguem "escavar" dinheiro para a viagem até ao campo e ficar por lá uns meses à espera que chova? Tudo isto me mete nojo!
Voltamos sempre ao não há pão comam brioche...