Páscoa de amêndoas amargas com muitos 'coelhinhos' na cartola.


 

A Páscoa está repleta de amêndoas amargas. Depois de o Primeiro-Ministro ter dado o dito por não dito, dizendo que, pelo menos, para já, os subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos afinal duram até 2015, ficamos a saber na quinta-feira Santa que o Governo vai suspender o regime de reformas antecipadas na Função Pública para os admitidos desde Janeiro de 2005. A Troika chegou e disparou os pedidos de reforma antecipada. Aliás, a Troika chegou e comeu tudo sem deixar nada. Pois é Pedrito, sabemos bem que em 2015 há eleições e que esta Páscoa de 2012 tiraste vários 'coelhos' da cartola. O País está a sufocar. Não há dinheiro. Nem no Estado nem nos bolsos rotos dos portugueses. O País está a morrer aos poucos. A Europa continua cega sem ver que está a cometer assassinatos em série. Um novo tipo de terrorismo está aí. Mas este, sendo silencioso, tem consequências bem mais nefastas.

Comentários

João Pico disse…
Ana,
"Em política, o que parece, é!"
Estas medidas da suspensão das reformas antecipadas e do retorno dos 13º e 14º para 2015 e a começarem só em 20% da totalidade devida, são claramente, uma proposta para Troika ver...
Estamos na teoria do "bom aluno"...!
Porque se pedissem ao ministro Crato para fazer as contas, todo o governo iria corar de vergonha, pela mentira pregada, no que toca à suspensão das reformas antecipadas. É que as reformas antecipadas já eram duramente penalizadas com o desconto de 6% por cada ano antecipado, ao limite dos 65 anos. Um beneficiário com 60 anos e 40 anos de descontos perdia 30 % cada mês. Em 14 meses de reforma antecipada perdia 4,2 meses: mais do dobro dos 13º e 14º de que tanto se fala. Os beneficiários pela antecipação estariam a pagar juros de 30 % ou mais ( os beneficiários com 55 anos perdiam 60 %). Uma usura!

Portanto há qualquer coisa que nos estão a esconder. Será a ruptura TOTAL da Segurança Social para daqui a três anos, de que fala hoje no "i" o Medina Carreira?!
Nuno Figo disse…
Caro João,

O que diz o Medina Carreira, eu não leio, nem ouço... porque acho que é fácil fazer anúncios do fim do mundo.

Eu não me contento com o estado das coisas, mas daí até ao estouro, vai muita coisa.

Que a Segurança Social está em ruptura, não é novidade para ninguém. Nem a ultima reformulação (socialista) alguma vez se anunciou como a solução final... apenas adiou o momento.
A Segurança Social de hoje não será a de amanhã. Nem a de amanhã será a do ano que vem. E não é preciso ser um génio para entender que uma população envelhecida, com um alto nível de desemprego, terá cada vez mais problemas para amparar os seus reformados e desempregados.
Nisto, Portugal não é mais que um espelho - se bem que com bases menos sólidas - do resto da Europa.

O problema é que não nos comparamos com o que somos, efetivamente, mas com aquilo que queremos ser. E queremos ser como a Alemanha, a Holanda ou a Suécia, quando nos devíamos comparar com a Croácia, Roménia, Polónia ou a Eslováquia.

Que isto (isto = Portugal do sonho Socrático) está tudo a ruir, é coisa com que temos que aprender a viver. Resta-nos somente fazer um novo Portugal tão bom quanto possível:
- com, infelizmente, menos "direitos adquiridos". Com menos dinheiro, certamente...
- Mas, espero e isso é que exijo, também com menor fosso entre ricos e pobres, com menos (com menos nada!), SEM corrupção e sem compadrios.
Com mais felicidade, espera-se.

Para já, ainda somos o 41º melhor país do mundo, segundo o ranking do Desenvolvimento Humano.
O que nos devia preocupar é termos perdido uma posição para... a Letónia.
João Pico disse…
Caro Nuno Figo,

Verifico que para quem não lê, nem ouve Medina Carreira, por estranho que pareça até consegue alinhar muitos pensamentos com os dele. Medina Carreira já vem escrevendo há uns anos a insustentabilidade deste, já vem anunciando a queda da Europa da CE - porque lhe foge a indústria de outrora, e não emcontra o petróleo, o gás, e as energias renováveis que carece, e que por sinal, até existem fora da Europa... - e tem pugnado para que copiemos a flexibilidade das leis laborais e da justiça acessível, que vigora em países como a Eslováquia, e outros países de Leste, o que o Nuno Figo acabou por enunciar também...

No resto, o novo Portugal só poderá renascer das cinzas do "facilitismo" pós 1986. Até agora, por má sina nossa, estivémos a colher as "rendas da pimenta da Índia e do ouro do Brasil", na versão magalómana de "afilhados" da grande CE. Com a ida de Barroso para a CE, e o Euro 2004, então foi o "delírio colectivo". Ninguém mais parava Portugal! Impossível, nessa altura, impôr restrições. Economistas mais avisados foram humilhados pelo seu "negativismo". A asneirada à volta das suspensões anunciadas e dos atrasos apontados para 2015 do retorno dos 13º e 14º meses, é a confissão de que tudo está muito pior do que se possa pensar. Mas o mal, é que ninguém vai poder convencer os portugueses - não há liderança para tanto! - antes da derrocada final. Direitos adquiridos é mais uma "vaca sagrada", como foi outrora o "Ultramar": numa madrugada tudo ruiu e sem disparar um tiro, fora as rajadas do Salgueiro Maia contra as paredes do velho quartel do Carmo, onde o último presidente do Conselho de ministros do Estado Novo, que viera em 1962 falar à varanda da reitoria, para a rapaziada da luta académica chefiada pela turma do Sampaio e Cª, tudo amigalhaços de ideias de renovação: do mais do mesmo!
Spínola queria que acreditássemos num Estado Federal do Minho a Timor. Escreveu-o no " Portugal e o Futuro", dois anos depois reconhecia que tudo caíra no " País sem rumo".
Passos Coelho e Tozé Seguro acreditam que chegou a vez deles. Como chegou antes a vez de Guterres, de Sócrates, de Barroso e de Santana. Paulo Rangel é uma reserva pronta a falhar e Assis outra. António Costa e Rui Rio não têm mais lugar electivo. Só chamados por um movimento nacionalista. Mas para isso acontecer, tudo tem que ruir e ficar em cinzas: só assim se prova o falhanço do regime.
Caso contrário, voltamos ao Deus é bom, mas o diabo também não é mau. Nem no PS, se consegue demonstrar o falahnço de Sócrates. Os seus apaniguados ainda estrebucham e vomitam grandezas e epopeias!