França socialista, 17 anos depois.


Há 17 anos que a França não tinha um presidente socialista. Hoje, em terras gaulesas, respira-se o socialismo numa espécie de ressurreição ideológica. Já lhe chamavam até Merkollande e é bom lembrar que durante esta eleição, a equipa de Merkel já tivera feito uma aproximação com a futura equipa de François Hollande, antevendo a vitória socialista na segunda volta das presidenciais francesas. A chanceler alemã deve agora ter dado graças a Deus pela nega que levou de Sarkozy, quando se predispôs a participar na campanha do actual presidente cessante. Mas para os que esperam que esta eleição significa uma lufada de ar fresco na mudança de política europeia, desenganem-se. Para o ano há legislativas na Alemanha e Merkel sabe que arrisca o mesmo que o veredicto que hoje Sarkozy teve nas urnas. Para mal de milhões de europeus, sabemos que o novo inquilino do Eliseu sabe que, no jogo de forças com Berlim, e apesar da sua garantia de que não aceita a «austeridade perpétua», sem a Alemanha a França não vale muito no seio de uma Europa em desagregação. E já agora, o que irá fazer Hollande perante o novo tratado orçamental da UE? Portugal foi o primeiro a dar «luz verde» ao documento. O PS português viabilizou-o. O seu líder, António José Seguro, deslocou-se ao último comício de Hollande num manifesto sinal de apoio à nova França socialista. Mas que raio de orquestra socialista é esta que toca desafinada? O que teremos no futuro, só o tempo o pode ditar. Até lá, a esperança escasseia.

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