Liberdade. De imprensa.
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa andei à deriva nos pensamentos, nas reflexões e no diagnóstico dos problemas com os quais, de dia para dia, me confronto. A sensação que tenho é que o Jornalismo que me foi ensinado pelo mestre Carlos (Pinto Coelho) não passa apenas de um quadro utópico com boas práticas e caminhos sólidos mas cada vez mais violado. Sinto falta da memória que já não há nas redacções, expulsa pelos novos capitalistas dos meios de comunicação, que se vendem por umas centenas de euros. Essa memória tento guardá-la vivamente em cada linha, em cada conversa, em cada telefonema, em cada perigo que espreita. O fim do dia culminou a ouvir Augusto Santos Silva e Pacheco Pereira. Dois homens que dispensam apresentações e que conhecem bem a realidade mediática nacional. Vai mal o Jornalismo português? Vai. «Os impactos da crise económica na imprensa portuguesa e a consequente solvabilidade e solvência dos média. Opacidade (défice de informação). Jornalismo enquanto actividade profissional. A tão famigerada regulação. A cultura jornalística. O relacionamento entre jornalistas e fontes». Falou-se de tudo isto mas muito mais ficou por dizer. Roubando a deixa de Pacheco Pereira, a liberdade de imprensa em Portugal não está em causa, é certo, mas podemos estar a caminho da «tempestade perfeita», por todos os problemas que rodeiam os meios de comunicação em Portugal, desde o desrespeito pelas pessoas, o incumprimento do código deontológico e da lei, passando pela subserviência perante outros poderes, acabando em relações perigosas entre jornalistas e fontes, etc., etc., etc…. Obrigada aos dois pela reflexão, pela partilha de saber e pelo fim deste dia tão importante para nós, detentores, muitas vezes, de poderes em demasia. Digo eu. Ficou o vazio de não ter visto nenhum colega a fazer-me companhia na audiência. Fica para a próxima. Ou não...
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