Azeite: uma aposta que não podemos perder.



Os tempos que correm são tenebrosos. Cada vez mais tenebrosos num país que caminha para o vazio, na carteira e na alma. De semana para semana, Portugal faz cada vez mais História. A crise económica, o Orçamento do Estado para 2013, a pobreza e o desemprego, enfim, notícias que vêm e vão, e que nos anestesiam apenas com a certeza de um futuro incerto. Mas, a verdade, é que nem tudo é mau, e hoje quero falar de um sector que, em Portugal, vai remando contra a maré, e dos poucos que ainda resiste neste mar de desgraças que parece não ter fim. Falo do mercado do azeite, que cresce em Portugal, a cada ano que passa, não só em produção como em consumo. Um mercado que oferece grandes possibilidades de incremento exportador em novos países consumidores, como os Estados Unidos e o Brasil. Neste momento o país já exporta mais do que importa. Portugal conseguiu, pela primeira, ao fim de 12 anos, obter no sector do azeite, uma balança comercial positiva. O valor da exportação do azeite é mais valorizado do que o que importamos. O que prova que Portugal é um país com excepcional vocação exportadora. E os números provam isso mesmo. O Brasil é o principal destino do azeite português, importando duas vezes mais do que toda a União Europeia, em termos globais. E no âmbito da União, Portugal representa 3,3 % da produção europeia. A tudo isto juntemos a qualidade dos azeites nacionais que tem sido premiada a nível internacional e, isso tem sido fruto do trabalho dos agricultores, das cooperativas e de um sector que tem conseguido, à custa do seu suor, caminhar com inovação e modernização. E porque sei que o concelho de Abrantes se insere também numa região que sempre produziu azeite de qualidade, acho fundamental que os portugueses saibam que nem tudo são espinhos. O azeite português orgulha-nos, dá-nos riqueza e emprego e tem ajudado a economia portuguesa de forma ímpar. Só faltava mesmo que o Estado, o tal comilão dos tempos modernos, percebesse a importância de desbloquear mecanismos burocráticos para alguns projectos empresariais que fazem falta na fileira. Mas bem sabemos que é mais fácil que a economia faça o trabalho do Estado do que colocar o Estado também ao serviço da economia quando esta precisa dele.

Crónica de 15 de Outubro. Rádio Antena Livre. 89.7. Abrantes*

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