«O Nacionalismo Liberal que falta».
É um testemunho valioso sobre um
Homem que continua a fascinar-me. Um obrigada ao Professor José Adelino Maltez
pela prosa e pela memória do Nacionalismo Liberal em falta.
«Francisco Lucas Pires foi o jovem
professor que, logo no meu primeiro ano da Faculdade, me levou a estudar, viver
e pensar política, fora dos trilhos das direitas que convinham às esquerdas, e
das esquerdas que convinham ao regime que seria derrubado cinco anos depois.
Tenho, aliás, orgulho de ele ter sido membro do meu júri de doutoramento,
talvez o primeiro em que participou. Por outras palavras, a relação académica e
de amizade pessoal sempre foram mais fortes que as relações políticas e
partidárias, apesar de me ter inscrito num partido no próprio dia em que ele
passou a liderá-lo, mas do qual me desliguei logo que regressou quem ele
substituiu. Mas guardo belas memórias dessa militância, como membro da
respectiva comissão política e das comissões de campanhas eleitorais, até como
candidato a deputado por Beja. Aliás, ainda me mantenho fiel ao sonho de
"nacionalismo liberal" que Lucas Pires invocou como lema, repetindo
Fernando Pessoa. Porque assim, o jovem oficial miliciano, que ele foi nos tempos
revolucionários e pós-revolucionários, também reforçou o regime e a democracia,
dando-lhe uma direita que faltava e que, hoje, talvez já não estivesse nestas
direitas e nestas esquerdas, mas na imaginação de que padecem os actuais
representantes do povo, contra o conformismo do poder pelo poder, onde falta o
radicalismo da palavra que se cumpre, nem seja num centro excêntrico, contra o
centrão do conformismo situacionista».
*José Adelino Maltez,
participante nas reuniões do famoso 'Grupo de Ofir' liderado por Francisco
Lucas Pires.
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