Pinto Monteiro: o sistema foi mais forte que a coragem do homem das Beiras.



Joana Marques Vidal é a senhora que se segue na cadeira do Palácio de Palmela. Pinto Monteiro culminou hoje um longo mandato de seis anos. Doloroso. Penoso demais para quem tinha a ambição de alterar a estrutura de um Ministério Público demasiadamente agarrado ao poder e politizado. Há seis anos conheci Pinto Monteiro, já este tinha tomado posse na qualidade de Procurador-Geral da República. Muito havia por dizer deste legado – inexistente – que agora é passado. Mas isso também está à vista de todos. Nos processos mediáticos que ficam pendentes, nos que escaparam e numa hierarquia que continua sem «rei nem roque». Faltam poderes e, talvez até, muita coragem para tomar decisões difíceis num lugar que é solitário demais para mexer com o sistema. De Pinto Monteiro recordo um homem com um carácter exemplar, genuinamente bom e com os valores da magistratura bem vincados. Talvez por ser um homem das Beiras – também tenho a minha costela – nunca esqueceu essa entrevista que me concedeu ainda ele não tinha aquecido o lugar. Nunca se esqueceu de estabelecer os limites da sua profissão sempre que comigo se cruzou. É um homem bom. Mas os homens bons não podem nunca mudar sistemas que, também por natureza, são demasiadamente maus. 

Comentários

Anónimo disse…
Já não foi mau ter vincado os valores da magistratura. Em escutas e situações do género. Deu sempre a impressão de que não pactuava com movimentos políticos no mp.

Se às vezes falou em excesso, se teve cândidas almeidas a precipitarem-se, trouxe um sossego que Souto Moura não conseguiu. E deu uma entrevista final na rtp 1 bem esclarecedora.

Com aquilo organizado como está, duvida-se que seja possível fazer melhor. A tentativa de afronta de certos meios, paga-se como pagaram outros (todos menos cunha rodrigues).

Desta não sei que esperar. Tal como de pinto monteiro antes, nunca ouvi falar dela (só do pai) o que pode nem ser mau sinal.

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