Guimarães: obra dedicada à ‘dimensão cultural da integração europeia’ apresentada a 21 de Dezembro

No fim-de-semana em que encerra, oficialmente, o ano de Guimarães Capital Europeia da Cultura [CEC], a cidade-berço é palco do lançamento do livro ‘A dimensão cultural da integração europeia. Capitais Europeias da Cultura’.


A obra, da autoria de Ruthia Portelinha, licenciada em Comunicação Social e Mestre em ‘Estudos sobre a Europa’ pela Universidade de Coimbra, será apresentada a 21 de Dezembro, sexta-feira, às 15h00, na Biblioteca Municipal Raul Brandão, em Guimarães.
Para além da autora, a cerimónia conta com a participação de Teresa Lago, responsável pelo Porto CEC 2001, Mateja Rozman, de Maribor CEC 2012 e de Paulo Cruz, membro do Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães.

Presente na sessão estará também Maria Manuela Tavares Ribeiro, da Universidade de Coimbra, e que tem trabalhado, ao nível da investigação académica, nos temas da Europa e da cultura.

A obra incide sobre a reflexão em torno da instrumentalização de grandes eventos [desportivos e culturais], facto que explica, «em parte, o crescente número de candidaturas ao título de Capital Europeia da Cultura [CEC]».

«A Europa tem suscitado uma considerável atenção académica, sobretudo numa perspectiva histórica, política e económica. Isso tem, claro está, muito a ver com a natureza inicial da UE, então conhecida como Comunidade Económica Europeia, que foi assumindo mais a mais protagonismo em diversas áreas e cuja cooperação se foi alargando aos poucos, numa base sobretudo política», afirma Ruthia Portelinha.

Contudo, realça que «a natureza iminentemente económica da UE foi suplantada com a instituição de uma cidadania europeia, no Tratado de Maastricht, dando origem a uma ‘Europa dos Povos’, assente em valores fundamentais como a dignidade do ser humano, a liberdade, a igualdade e a solidariedade, mas também numa herança cultural comum».

Ruthia Portelinha contextualiza, na obra, as perspectivas cultural, [com destaque de alguns momentos marcantes da programação de cada cidade] e económica. Neste seguimento, a autora explora igualmente as expectativas turísticas que os programas das CEC suscitam, dando alguns exemplos «marcantes da programação de cada cidade».

Ruthia Portelinha
«Estando a maioria dos cidadãos europeus divorciada do projecto comunitário, como aliás se constata nos níveis de abstenção registados nas eleições para o Parlamento Europeu, é fundamental encontrar o “suplemento de alma”, para usar a expressão de Jacques Delors, para que estes cidadãos se reconciliem com a Europa», sublinha.

Na mesma linha de pensamento, Ruthia Portelinha recorda que «a cultura e as artes podem contribuir para isso, porque constituem uma linguagem universal, acima de divisões políticas, religiosas e até linguísticas». 

E cita o historiador francês Fernand Braudel, lembrando que «a cultura é a linguagem comum da Europa». Por fim, salienta que a obra pretende «sublinhar isso mesmo, apesar do ideal europeísta das Capitais Europeias da Cultura ter sido desvirtuado, ou pelo menos secundarizado, perante objetivos turísticos e económicos por parte das cidades escolhidas».

De recordar que ‘A dimensão cultural da integração europeia. Capitais Europeias da Cultura’ conta com a chancela da Chiado Editora.

Texto: Ana Clara 

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