PCP – entre Cunhal e a crise, o comunismo recarrega baterias.
Foto: Guadêncio [Público] |
XIX
Congresso do Partido Comunista Português. Almada. Dezembro de 2012. «A cassete
do PCP falava verdade [é preciso um Governo de esquerda que prepare o país para
a saída da zona euro», disse Agostinho Lopes no seu discurso ante um conclave
muito especial para os comunistas. Neste segundo dia de congresso, houve um
momento que levou a emoção comunista ao limite. A causa? O líder
histórico Álvaro Cunhal. Uma das personalidades mais marcantes do século XX
português [já aqui o escrevemos] e que, se fosse vivo, completaria 100 anos em
2013. Mas este é um partido que se reforça sempre, em termos sociais, em
momentos de crise. Os princípios ideológicos comunistas vivem, nos actuais
tempos, sólidos impulsos que regeneram por fora aquilo que há muito morreu por
dentro. Os ideais comunistas mantém-se fiéis a um passado, a uma História e a
um percurso histórico feito ao longo da existência do partido. Mas o Mundo
mudou, o PCP sabe-o e não quer, assumidamente, acompanhar essa evolução. Nesta
simples atitude, retiro o chapéu a homens e mulheres que continuam a acreditar
em convicções. Contudo, esses homens e mulheres também sabem que são convicções
assentes em utopias. Nada mais que isso. Jerónimo há-de ser reeleito
secretário-geral. O PCP há-de continuar a existir, com força social [e não
eleitoral]. O País precisa dele. As pessoas também. Mesmo que aqueles como eu
estejam bem longe da trajectória das convicções da foice e do martelo. Entre a
memória de Cunhal, a crise e a miséria em que este País caiu, o comunismo
português recarrega baterias. A rua é e será sempre o palco da sua força.
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