Os Carnavais do burgo.
Vivemos mais um Entrudo, ou Carnaval, como preferirem. E
2013 é, de facto, um bom ano para o festejar ou não fosse o circo por cá estar
cada vez mais engraçado o que é o mesmo que dizer, sem graça nenhuma.
Pela Madeira, o dono e senhor da ilha voltou este ano a
desfilar pelas ruas do Funchal, num verdadeiro passeio de vaidades e milhares
de euros depois, como já é hábito no Carnaval madeirense.
Por cá, pelo Continente, como bom hábito que tem sido, são
muitas as câmaras municipais que, contrariando a decisão central, vão dar
tolerância de ponto na terça-feira. Funcionários do sistema local e munícipes
podem ficam descansados que a tarde de Carnaval ninguém vos a tira.
O que é preciso é haver borlas, porque este país, habituado
que está a ser produtivo e a trabalhar de forma ímpar para níveis de
produtividade europeus, merece, claro está, viver o Carnaval longe do suor
laboral.
No meio disto tudo, assistimos ao PS em reconciliação
interna, com António Costa a dar o dito por não dito, e a deixar António José
Seguro continuar a sua batalha rumo à destruição do PS.
O Governo esse prefere outros Carnavais, a preparar-se já
para prestar contas à Troika na sétima avaliação da missão internacional que se
aproxima. Os quatro mil milhões de euros que é preciso cortar no Estado social,
continuam no segredo dos deuses, é certo, ainda assim, o conselheiro mascarado
do Governo, o digníssimo António Borges, já veio dizer, em alto e bom som, que
4 mil milhões é um mero corte marginal, nada de significativo.
Para os bolsos dele é decerto marginal porque tal figura não
precisa de recorrer ao Serviço Nacional de Saúde nem da escola pública para
inscrever os netos.
Um dia, a História, acredito eu, ainda vai escrever que
António Borges é uma múmia sem princípios. Mas até lá, vamos ter de esperar e
continuar a ouvir os disparates mais absurdos vindos de um senhor que não sabe
o que é um sacrifício na vida.
Crónica semanal de 11 de Janeiro na Rádio Antena Livre,
89.7, Abrantes.
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