Portas. A «carne para canhão» nas trincheiras do Coelho.
O maior flagelo da sociedade portuguesa é o desemprego. Já o sabemos. Tal
como já esperávamos que, em 2013, a taxa iria subir, e a bom subir. Na semana passada o Instituto Nacional de Estatística veio actualizar o
drama. O país está agora, oficialmente, com 920 mil pessoas sem trabalho, o que
corresponde a uma taxa de 16,9%. Mas estes são apenas os números que entram nas
estatísticas do Estado. O número de pessoas desempregadas já ultrapassa o
número do um milhão há largos meses. A romaria da emigração tem mostrado há meses consecutivos que muitos
portugueses não aguentam, e ao contrário do que assegura o grande senhor
Fernando Ulrich.Portugueses que simbolizam a corda na garganta todos os dias, a tal corda que
Pedro Passos Coelho admitiu há dois dias que está no limite. Mas nem nesse limite já ultrapassado, o Governo decide parar e colocar a
mão na consciência. E deste modo avança com o corte de 4 mil milhões de euros
no Estado social da Educação, da Saúde, da Segurança Social e das forças
policiais, para dar apenas alguns exemplos. É pena que Paulo Portas, muleta que
suporta o pé descalço do Executivo, aceite ser a carne para canhão do novo
flagelo que se aproxima. O presidente do CDS e ministro dos Negócios
Estrangeiros aceitou ser o porta-voz do guia para os cortes no Estado. Juntamente
com Vítor Gaspar é ele quem está encarregue de dar as boas novas aos
portugueses no final do mês. Paulo
Portas é a verdadeira decepção deste Governo. O líder do partido que garantia,
caso chegasse ao poder, defender os contribuintes, os pensionistas, os
desempregados e a saúde pública, é o mesmo que esqueceu tudo quanto prometeu.A cadeira do Palácio das Necessidades é mais
quentinha, confortável e está longe da miséria que lavra cá fora. Cá fora, onde
a realidade é nua e crua. Cá fora onde já nem a alma limpa serve de consolo.
Resta-nos esperar pelo velório do país, sem pressas, porque sabemos que ele
virá mais cedo do que o esperado.
*Crónica de 18 de Fevereiro na Antena Livre,
89.7, Abrantes.
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