Esquerda[s]. Finalmente juntas.

Vi, ouvi e reflecti atentamente sobre tudo o que se disse na conferência da esquerda intitulada «“Libertar Portugal da Austeridade», que decorreu ontem, na Aula Magna, em Lisboa, e dinamizada entre muitos outros por Vítor Ramalho [soarista indefectível] Mário Soares, que surgiu com uma vitalidade que a mim me deixa particularmente feliz. Considero Soares uma das figuras mais marcantes da segunda metade do século XX português. Um homem a quem o País muito deve, inteligente, um conversador nato, um homem que todos devemos respeitar e ouvir. Sempre assim encarei Mário Soares. E fez bem em tentar unir as esquerdas em Portugal num momento particularmente crítico do país. Muita coisa correu mal à Tróika e aos Governos executantes desta política de austeridade. Contudo, em parte, e seja hoje ou amanhã [futuro] este país necessita sair de muita podridão e despesismo em que entrou. E esta, na minha opinião, é a grande asneira da(s) esquerda(s). Ideologicamente, a esquerda vê apenas a parte social. E bem. Porque o caos e a pobreza chegou a patamares de natureza insustentável. Porém, os preconceitos ideológicos que se têm cometido por muitas mentes de esquerda jamais se coadunam com algo que todos nós [e o país] precisamos nas nossas vidas: de sustentabilidade. Mais do que uma união da esquerda, este país precisava de uma União Nacional, com uma política de rigor que não esquecesse o tal Estado social e as pessoas. E de preferência, sem Troika. Mas infelizmente a Política e os políticos não servem para pensar em nós, cidadãos e eleitores. Da esquerda à direita, as classes partidárias servem-se apenas a elas próprias. Nunca se esqueçam disso. Mas talvez um dia, se por cá ainda andar, o tempo e a História me venha a dar razão.  Apesar de tudo isto, e de muitas ilusões de esquerda ultrapassadas, é fundamental este tipo de iniciativas, dos cidadãos, dos que ainda acreditam que vale a pena lutar contra muitas políticas que estão erradas. Porque, se muitas, apesar de serem duras, serem realmente necessárias, outras há, no campo social e fiscal, que precisam ser denunciadas, que precisam ser interrompidas, que precisam do empurrão da esquerda. Que faça mossa, ainda que tema que tudo fique exactamente na mesma e num momento em que a sociedade civil parece desmobilizar da contestação, de tão aniquilada que está por estes sucessivos planos de austeridade brutal.

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