Matança grisalha em marcha.
Já estamos todos um pouco habituados, como bons portugueses
que somos a lidar com as desgraças, sobretudo quando o assunto incide nas
comunicações ao país de Pedro Passos Coelho. Na sexta-feira passada, o primeiro-ministro anunciou o
inevitável. Mas, se mais uma vez são medidas duras e com impacto nas famílias e
no desemprego, a verdade é que há uma que me provoca um sentimento impotente. Que se reforme a Administração Pública e que isso implique
aumento de horas de trabalho ou reduzir o número de funcionários públicos, eu
até dou de barato. Vivemos anos e anos num Estado farto e que suportou, por
culpa própria 700 mil funcionários públicos. Só um louco pode achar que um país
como Portugal pode suportar um número de trabalhadores do Estado tão elevado. Mas o que continua a ser escandaloso e muito preocupante é a
forma como o Governo continua a atacar os pensionistas e reformados. Desta vez
mais uma taxa, agora denominada de sustentabilidade, para todos pensionistas da
Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social com pensões acima de 1350
euros. Com uma agravante: é que pelo
discurso de Pedro Passos Coelho, a medida, pelos vistos, é para a vida toda. Espero que alguém, com responsabilidade parlamentar, suscite
a fiscalização sucessiva ao Tribunal Constitucional. E espero que tal não
passe. Sabemos que a austeridade é necessária, estamos já habituados a isso nos
últimos 2 anos. O que não podemos permitir é que matem os nossos pais e nossos
avós. Homens e mulheres com uma vida de trabalho limpo, com muitas dificuldades
para educar os filhos, pessoas de bem, ao contrário deste Estado que continua a
não querer ser escorreito nas relações que estabelece com os seus
contribuintes. Tristemente, o primeiro-ministro usou a manha política,
fraca no caso dele, para dizer que faz o que já prometeu recentemente: não
haverá mais aumento de impostos. Não? Será que não sr. Primeiro-ministro? Então
o que raio é uma taxa sobre os reformados a que decidiram chamar «contribuição
de sustentabilidade? Isto é pior que um aumento de impostos. Isto é matar
milhões de vidas de dureza, de sacrifício e de muito esforço. Coisa, que Passos
Coelho e os seus ministros, pelos vistos nunca saberão o que isto é.
Crónica semanal, de 6 de Maio, Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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