Cada vez mais cadáveres.


Foram precisos nove anos para me convencer de que aquelas noites de sofrimento jornalístico Santana/Sampaio foram um verdadeiro Paraíso. Recebi [e fiz] dezenas de telefonemas de amigos, familiares, políticos e colegas de profissão. Todos me fizeram, sem excepção, a mesma pergunta: porquê? Mas porquê, AC? Neste momento, e porque faltam muitas peças importantes nesta História que hoje nos empurrou definitivamente para a morgue, só sei duas coisas: chamo-me AC e retiraram-me, pela primeira vez, enquanto cidadã, a dignidade da minha Nacionalidade. P.S. - Sei mais, muito mais do que leio, do que vejo e do que por todo o lado se debita. Prefiro silenciar-me. Prefiro ficar quieta, a observar. Mas vou aproveitar para começar a rezar. Por todos nós, pelas nossas vidas e, acima de tudo, pela nossa sobrevivência, que fica mais longe, a partir de hoje, dos nossos sonhos. Hoje somos todos cadáveres oficiais, iguais a esta imagem, com uma pequena diferença: não temos outra Vida para cumprir.

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