Um OE duro como pedras. Das pesadas.
Amanhã é entregue no Parlamento o orçamento do
Estado para 2014. A juntar aos últimos dois documentos, este continuará a ser
duro, duro como pedras, sobretudo para as famílias portuguesas. A austeridade
iniciada por Vítor Gaspar é para manter. Há muito que já o sabíamos. Neste
momento, e ao contrário da comunicação social, que tem chafurdado em meras
especulações, não valerá de muito preocuparmo-nos com o que está para chegar.
Já estamos habituados a levar pancada. Não interessa saber como será feito o
corte nas pensões de sobrevivência. Ou se o IVA da restauração baixará para
13%. Ou se os funcionários públicos irão de novo ver o salário emagrecer. O que
interessa apenas, aos olhos do actual Governo, é fazer tudo para que Portugal
cumpra um défice de 4% no próximo ano. Para isso terão de se poupar 2400
milhões de euros. Para quê sofrer mais quando sabemos que a carga fiscal dos
contribuintes é para manter, quando já nos foi dito expressamente que o
desemprego não abrandará sendo que ainda vão cortar ainda mais nos custos do
trabalho. A ordem, caros ouvintes, é para disparar sobre os contribuintes em
geral, funcionários públicos e pensionistas. Já as grandes empresas e a banca,
estes são os meninos protegidos do sistema, nacional e europeu, claro está. Amanhã
enfrentaremos todos o tal «choque de expectativas» para o qual Pedro Passos
Coelho já nos preparou na semana passada. Não seria necessário porque todos
estamos cientes de que, até 2015, estamos em cenário de guerra: social,
psicológica e, acima de tudo, destrutiva. Uma destruição cuja factura há-de
chegar quando já não houver País. Uma nota final para Paulo Portas. Um líder
egoísta, que revelou bem o que o moveu durante estes anos de poder taxista. Alguém
que provou como e de que forma se consegue ser perigoso ao serviço da querida democracia.
Nestes dias preparatórios do Orçamento vimos Portas pactuar com a política de
austeridade que atinge precisamente as camadas da população que o elegeram e as
quais por ele foram traídas. Paulo Portas acabará obviamente melhor que todos
nós, no conforto do lar, intocável, enquanto os velhinhos, os necessitados e
aqueles que ele sempre jurou defender já moram nas campas dos cemitérios ou estão
prestes a chegar ao fim da linha.
*Crónica de 14 de Outubro, Antena Livre, 89.7, Abrantes.
Comentários