As lamúrias que o 1.º de Dezembro não merece.
A Restauração da Independência comemorou-se ontem, em Lisboa, com
uma série de iniciativas que assinalaram este 1.º de Dezembro de 2013. Por todo
o país, espero que os portugueses tenham perdido nem que fosse um minuto do dia
para reflectir a data mas também o presente e, sobretudo, o futuro. No fundo,
todos nós, em colectivo e individualmente, temos de pensar o que queremos afinal
ser no futuro, enquanto país. O 1 de Dezembro já não se celebra no calendário
como feriado oficial. O facto, que tem revoltado muita gente no seio da
sociedade civil, não devia ser tão importante assim. Que importa que o tenham
retirado? Que importa que nos digam que isso contribui para o aumento da
produtividade? Nada. Na minha opinião não importa nada. O mais importante é que
saibamos ser cada um de nós em cada dia de luta pelas nossas vidas. Numa altura
em que Portugal sofre fortes limitações ao exercício da sua soberania, devido à
situação financeira do país e de compromissos externos, repor o 1.º de Dezembro
e celebrar os valores da independência nacional é algo que todos podemos e
devemos continuar a fazer. Sem dia marcado no calendário. Por isso, com ou sem
feriado, com ou sem críticas, deixemo-nos de lamúrias pelo acessório e
concentremo-nos no essencial. A começar pelos políticos que agora querem lutar
pelo regresso da data ao calendário oficial. Concentrem-se antes em cumprir com
as promessas ao eleitorado. Preocupem-se antes com o pão na mesa que muitos não
têm. Lutem, sim, mas por um país digno de uma História longa. Eu, por mim, não
me importa que acabem com as celebrações, eu por mim continuarei sempre a
celebrar e a fazer da minha vida um 1.º de Dezembro, um 25 de Abril e um 5 de
Outubro. Diariamente. Sem lamentos nem laivos de carpideira. Só assim servirei
o melhor que sei a minha geração e as que estão para vir.
*Crónica semanal, de 2 de Dezembro, Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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Parabéns.