Congresso do CDS. A fraqueza de uma aliança em cacos.
O «irrevogável» Portas nada explicou em Oliveira do Bairro |
Só hoje decidi escrever sobre
o congresso do CDS-PP, que decorreu em Oliveira do Bairro, no fim-de-semana
passado. Muito li, muito se escreveu, muita opinião por aí anda sem muitas
vezes saber o que são congressos partidários e sem nunca terem pisado um. Uma
coisa são os interesses partidários de todas as forças políticas quando
reunidas em conclave. Uma atenção que a comunicação social dá relevo de forma
até mesmo intoxicante [televisões essencialmente, sobretudo desde que têm
canais de informação para alimentar]. A este propósito, todos os partidos são
bafejados, basta lembrar os famosos congressos à americana, iniciados em
Portugal por José Sócrates, com encenações cénicas e púlpitos dignos de um mediatismo
exacerbado e quase paranóico. Eu, por razões profissionais, gosto de congressos
partidários, da adrenalina que trazem, da correria que movem, das
conspirações e das negociações a altas horas da noite. Sim, gosto de
congressos, mas não dos actuais, daqueles que pisei pela primeira vez, já lá
vai uma década. Este, em particular, cheirou a mofo, com desculpas de um
líder que comanda um partido submisso, com justificações ocas, e em que a
unanimidade da reeleição centrista era, à partida, um facto consumado. Neste
aspecto, esta foi uma reunião magna que nada trouxe de novo, a não ser aos
militantes do Largo do Caldas, com a reeleição do querido líder. História diferente, e externa ao conhecido partido
«do táxi», foi a acção de charme protagonizada por Pedro Passos Coelho, ao
marcar presença na sessão de encerramento do congresso popular. Muitos
chamaram-lhe momento simbólico de reforço da coligação. Pois eu chamo-lhe
momento de fraqueza de uma aliança em cacos, onde apesar das diferenças
ideológicas, muitas disputas de poder tem revelado. O único simbolismo que vi
foi precisamente o de um primeiro-ministro a corroborar a ideia que desde o
Verão passado ficou clara: quem manda no Governo é Portas e não há Passos que
valham o desmentido.
P.S. – Nota final para
lamentar, mais uma vez, a ausência de dirigentes do PCP e BE, no encerramento
de um congresso da direita. A democracia rege-se pelas boas regras da
convivência e da diferença partidária e ideológica. A esquerda dos extremos não
fica bem na fotografia nem mostra realmente, no caso, que sabe conviver, neste
quadro democrático, em que também actua e participante activa (e necessária, acrescento eu). A regeneração dos partidos em Portugal (uma incógnita e que pode até nem ocorrer tão cedo) também se pauta por valores acima de guerrilhas partidárias.
Comentários