Betão fora. Chegou a hora das pessoas.
Este
é um tempo decisivo em relação aos famigerados fundos europeus, sobretudo
quando a torneira da Europa dá cada vez menos dinheiro. Agora,
que sabemos com segurança, como será a distribuição do pacote que irá vigorar
até 2020, no âmbito no novo quadro comunitário, é essencial que as verbas sejam
aplicadas onde mais é necessário e onde, há muito, devíamos ter investido. Passámos
anos a aplicar fundos europeus em estradas, em infra-estruturas que acabaram por
se tornar em verdadeiros elefantes-brancos, tendo descurado o essencial numa
sociedade que se pretende evoluída: como é o caso da Educação, da Ciência e do
desenvolvimento rural.Porque
um país tem de ser mais do que quilómetros de asfalto e do que áreas
metropolitanas, como Lisboa e Porto, já francamente desenvolvidas. Os
fundos europeus diminuem no quadro que irá vigorar entre 2014 e 2020, mas fico
particularmente feliz quando percebo que as regiões periféricas ganham mais
dois mil milhões de euros em relação ao pacote anterior. Ao
todo, Portugal vai receber da União Europeia cerca de 25 milhões de euros, sem
contar com o Fundo Agrícola que irá encaixar quatro milhões de euros no mesmo
período. O
Norte do País é a região que recebe a maior fatia, uma vez que é aquela que no
território nacional tem o nível de PIB per capita mais baixo face à União
Europeia. Um reforço que não pode esquecer as pequenas e médias empresas,
porque é nelas que está também a recuperação económica bem como o emprego. Espera-se
que Portugal consiga finalmente aplicar os novos fundos comunitários em áreas e
sectores que realmente produzem valor acrescentado à economia, em investigação
e desenvolvimento, na Educação mas também no Emprego, na inclusão social e no
combate à pobreza. Talvez
tenhamos chegado a um momento de viragem até mesmo para a classe política. Não é
por isso de estranhar que o PS de António José Seguro se tenha empenhado com o
actual Governo nas escolhas cirúrgicas de distribuição de verbas. O
tempo do betão acabou. O País, como sabemos, não se sustentou com ele. Chegou a
hora das pessoas, dos cidadãos, daqueles que são o centro de uma Nação. Que até
2020 se criem as tão esperadas auto-estradas do conhecimento, em torno das
pessoas, dos valores e de um futuro sustentável. Só
assim seremos capazes de recomeçar de novo. Sem esqueletos no armário a
empobrecer-nos. Sem acumulações de défices e, sobretudo, sem desperdício de
dinheiros públicos e que são de todos nós.
*Crónica de 3 de Fevereiro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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