Dedicado com amor à menina com fonte de absinto.


«(…) A redacção do DL foi a minha escola de Jornalismo, numa época em que Portugal não as tinha e em que a tarimba do ofício era assegurada pela dura experiência quotidiana das redacções, onde os mais velhos, sem paternalismo, corrigiam os erros dos caloiros, não os poupando com eufemismos nem os marginalizando por preconceito ou simpatia. Tocava guitarra quem tinha unhas para o instrumento e impunha-se um processo de selecção e encaminhamento natural que fazia de uns, excelentes repórteres de rua; de outros, cronistas e entrevistadores de eleição; de outros, redactores de secretária, discretos e competentes; e de outros ainda, chefes com reconhecida capacidade de liderança. E assim nasceram grandes jornalistas, durante décadas, com forte sentido deontológico, uma razoável cultura literária, um exemplar conhecimento da língua portuguesa e uma aversão ética ao jornalismo especulativo e manobrista (…)». Pág. 81. Obra: «E tudo era possível», de José Jorge Letria (que curiosamente acabei de ler). Dedicado com amor à menina que ontem, no programa Prós&Contras, da RTP, que não vi nem vou ver, teceu um dos maiores disparates que já ouvi na minha vida. Certamente ela não sabe que DL não é Decreto-Lei mas sim Diário de Lisboa (e que publicou um dos suplementos maiores de humor e crítica anti-regime que este país conheceu, chamado ‘A Mosca', corria a Primavera Marcelista de 69), nem que José Jorge Letria, o autor daquele suplemento, lutou pela liberdade, como poucos. Uma liberdade que essa mesma menina hoje enverga com entusiasmada arrogância juvenil e sem um pingo de humildade, decerto. A geração futura, de que ela faz parte, não nos promete sonhos lusitanos maiores, de facto. E por aqui me fico, que já abri o teclado do tema mais do que devia e merece. *ac@País*

Comentários

Mensagens populares