A crueldade de polícias contra polícias.

Para aqueles que insistem permanentemente em condenar a actuação policial quando surgem manifestações como a de hoje, para esses, tenho apenas algumas notas.
1) Coloquem-se no lugar destes profissionais (manifestantes polícias e polícias em serviço) e pensem em como reagiriam se tivessem de se impor ante colegas que estão ali também a defender os meus direitos. Ainda assim, sempre se mantiveram acima desse descontrolo emocional, cumprindo, na medida possível, as ordens de cima.
2) Conheço como ninguém as forças policiais. Posso falar de cátedra, já que nasci no seio de uma das forças, o sangue deles sempre foi o meu, as dores deles foram e são as minhas, a vida deles (problemas e angústias) invadem a minha vida no dia-a-dia, e eu sem nada poder fazer. Já por aí oiço disparates atrás de disparates sobre as reivindicações dos corpos policiais, que levaram cortes a torto e a direito. Uns justos, sou a primeira a reconhecer, outros, a maioria tremendamente desrespeitosos para a condição e natureza das funções e até de folha salarial.
3) A comunicação social é medonha. Têm muita culpa no cartório no incentivo da tensão (já por si só existente), e que em directos histéricos enchem os telespectadores de putativas realidades inexistentes, de hipóteses que atiram para o ar sem o mínimo fundamento.
4) Obviamente que é normal a actuação da polícia ser diferente numa manifestação de polícias comparativamente a uma outra qualquer manifestação. A sociologia explica isso, mesmo colocando todos os outros cidadãos num patamar de inferioridade legal.
5) Dito isto, concluo, dizendo que condeno piamente todos os cidadãos, agentes de autoridade, que hoje, de forma organizada, tentaram invadir de novo o Parlamento, de forma ilegal. Cem metros de proibição que impedem a aproximação de manifestantes, nessa condição, de qualquer órgão de soberania em território nacional. É esta a distância entre a legalidade e a ilegalidade. É esta a nuance que legitima a razão e os protestos. Hoje, os cidadãos que tentaram invadir a escadaria parlamentar, fizeram-no de forma gratuita, apenas por uma questão de insistência birrenta. E essa atitude manchou, e muito, a motivação dos milhares que hoje defenderam – e bem – as suas vidas e as das suas famílias. Os jornalistas ajudaram à festa, porque fizeram o trabalho de casa mal feito: colocando sempre essa hipótese em cima da mesa, como que dizendo, se não houver invasão não há notícia. Triste e penoso peso este que os histéricos repórteres fizeram em directo. Nada também de novo, já que, diariamente, nos presenteiam com coberturas do mesmo género. 

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