A estranha imagem dos últimos quatro ministros das Finanças.


Ontem, os últimos quatro ministros das Finanças da última década (excepção feita a Campos e Cunha, que nem teve tempo de aquecer o lugar antes de Teixeira dos Santos) debateram no ISCTE o presente e o futuro do país sem a Troika. O espaço, Fórum das Políticas Públicas 2014, que decorre até hoje em Lisboa, não podia ser o mais apropriado. Vi as intervenções de Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix, Teixeira dos Santos e Vítor Gaspar. E, ao contrário do que muitos têm dito, vi também quatro economistas a convergirem no essencial. O que mais me deixou feliz foi o facto de todos concordarem num ponto que é essencial, independentemente de a Alemanha querer a «tal saída limpa»: a ideia de que é fundamental o país ter um programa cautelar. Sempre defendi esta solução, porque sem cautelar, e com «rédea longa» os disparates eleitorais passam, num instante, da teoria à prática. Daqui à tourada do despesismo é um passo, curto, por sinal. Uma coisa é certa, a dose de austeridade não pode continuar, e este parece-me ser o ponto que afasta Ferreira Leite e Bagão Félix da cegueira de Gaspar (que continua a não admitir que se foi longe no ajustamento e que esse caminho, que não resultou, está a sair bem caro na factura social). As pessoas têm de estar primeiro, não só nos discursos, mas acima de tudo na prática. E, ou colocam fim à cegueira, e atenuam a dose aplicada ou, como também temo, não haverá futuro geracional neste canto à beira-mar plantado. Seja como for, repito: não importa se a saída é limpa ou menos limpa, importa sim aprender com os erros, e sem cautelar, acredito, será uma saída airosa com muitas nuvens negras no futuro. Nuvens que surgirão já em 2015 quando as legislativas e o circo eleitoral para o poleiro chegarem. 

Comentários

Mensagens populares