Acabar com os mitos. Políticos vanguardistas, precisam-se!


É público que sou, há muitos anos, uma amante da Política nacional e internacional. Tenho estudado, lido e analisado a história política contemporânea. Por razões profissionais, que não interessam agora para o caso, tenho-me debruçado, nos últimos anos, nos governos que tivemos em Portugal, nos líderes partidários, no comportamento dos partidos de quadros, dos minoritários e no sistema político. De repente, apetece-me recordar aqui algumas frases, com as quais me cruzei esta semana, quando procurava um documento do longínquo ano de 1977. Pertencem ao tal «mito» chamado Sá Carneiro, o qual, a par de outros políticos do século XX, ainda não estão totalmente estudados. Não acredito em sebastianismos nem em heróis, sobretudo no que respeita aos que nunca o foram. Mas que Sá Carneiro encarna um arrepio no seu legado, isso, para mim, é inquestionável. Tal como Cunhal. Tal como Lucas Pires. Tal como Zeca Afonso (que não foi político, mas tem um rasgo indissociável). E, para os tempos que se vivem, no século XXI, escolhi algumas frases que podiam bem pertencer a este Tempo. E à medida que leio mais, sinto-me perdida, confusa, e enganada no meu tempo geracional. Sinto que as gerações actuais mereciam mais da gente que exerce funções em nosso nome. E sinto mágoa, tristeza e muita raiva por a Política, a Ciência, a res publica, ser algo que há muito, muito tempo, este país perdeu. Perdemos nós, cidadãos, gente que sobrevive amparada no suor diário. 
Sá Carneiro dixit: 
«Para ser um partido de Poder, não é necessário ser partido de Governo - basta ser indispensável nas decisões de fundo».

18-09-1979, (Discurso no Conselho Nacional)


«Infelizmente ainda não nos organizámos como País e como Povo à medida da exiguidade e pobreza da nossa terra e da grandeza e dignidade da nossa gente».
15-08-1979, (Mensagem para o Encontro dos Emigrantes das Beiras - Penacova)


«Para nós, sociais-democratas, para qualquer político que encare a política como serviço do seu país, sem melhoria das condições concretas dos portugueses, não há política que valha a pena, não há especulações que justifiquem, não há cenários que motivem ninguém, e um caminho desses seria a ruína da própria liberdade e da própria democracia».
20-06-1979, (Discurso de encerramento do VII Congresso Nacional)


«O que é preciso é que se acabe com os mitos, e que, em lugar de termos políticos vanguardistas que defendem grandes slogans e grandes ideologias, tenhamos vontade de aprender com os portugueses o seu dia-a-dia, os seus prolemas concretos e com eles, com a participação de todos, ir encontrando soluções».
19-05-1979, (Discurso no encerramento do Encontro das Autarquias Locais da Área Metropolitana de Lisboa - Vila Franca de Xira)


«(…) O bom Governo é aquele que olha para as realidades e traduz a sua acção no benefício concreto das pessoas e não no benefício das ideologias ou, eventualmente, até, de interesses imperialistas estrangeiros».
19-05-1979, (Discurso no encerramento do Encontro das Autarquias Locais da Área Metropolitana de Lisboa - Vila Franca de Xira)


«Aos novos também a maior parte das vezes atiram-se-lhes slogans em vez de se lhes dar casa, emprego, escola e informação».
19-05-1979, (Discurso no encerramento do Encontro das Autarquias Locais da Área Metropolitana de Lisboa - Vila Franca de Xira)

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