Gaspar no FMI. E depois?

O anúncio chegou ao final do dia de ontem. Por cá certamente que muitos, dirão que é a recompensa pelo «frete» que Gaspar fez durante dois anos ao serviço da Troika e não do País. Falo da nomeação de Vítor Gaspar para o cargo de director do departamento do Assuntos Orçamentais do FMI. Uma escolha da directora-geral do FMI, Christine Lagarde, justificada no comunicado público pela «impressionante capacidade de gestão» do ex-ministro das Finanças. Pois eu não olho para a nomeação de forma gratuita. Olho primeiro para o trabalho de Vítor Gaspar com mais de 20 anos. Até há dois anos ninguém conhecia o homem que liderou o processo de ajustamento nacional. Mas se pensarmos bem, na verdade, este desfecho era mais do que inevitável. Gaspar prossegue aquilo que sempre foi a sua vida, dedicada à carreira económica na sombra. E uma coisa é certa: ninguém o pode acusar de fazer carreira amparado pela política, pelos partidos, pela cunha e compadrio. Já Relvas, Sócrates, e outros tantos por aí, alguém lhes conhece uma profissão fora da política? Alguém lhes conhece uma valência técnica, experiência sectorial, subida a pulso à custa do seu suor? Aproveito para dizer que nos próximos dias a análise prossegue, até porque o livro que ando a ler sobre Gaspar revela muito mais do que o que eu lhe conhecia tecnicamente. Revela informações que os media ignoraram - certamente andam distraídos - e que são demasiado importantes para distinguir os homens e mulheres que são produtos das suas carreiras e os homens e mulheres que resultam do «amiguismo» partidário, das capelinhas e estratégias montadas desde os tempos das juventudes partidárias. A honestidade moral também é isto. E ambas as carreiras são legítimas, claro, mas o que não aceito é misturarem a água com o azeite. E não, não conheço Gaspar. Nunca me cruzei com ele. Nem ele sabe que eu existo. Simplesmente olho para a realidade através do meu ignorante olhar. 

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