Eleições à vista. Gato e rato começam entram em jogo.

O fim-de-semana passado foi fértil em campanhas de marketing político. Pensam os ouvintes que estou a falar das eleições europeias. Não, estou mesmo a falar das legislativas que terão lugar apenas em 2015. No sábado o Governo decretou o «fim» simbólico da Troika em Portugal, com Carlos Moedas e Luís Marques Guedes a apresentarem, mais coisa menos coisa, uma espécie de guião com que PSD e CDS irão concorrer às legislativas do próximo ano. O que é triste é que sabemos todos que o dia 17 de Maio não representou nenhuma recuperação da soberania nacional, como a todos nos querem fazer crer. As missões dos credores de seis em seis meses vão continuar e as dificuldades e austeridade prosseguir. Neste jogo do gato e do rato da política à portuguesa, António José Seguro não quis ficar de fora. O secretário-geral do PS decidiu contra-atacar e no mesmo fim-de-semana apresentou as linhas gerais do seu futuro programa de Governo.São, no total, 80 compromissos assumidos pelo secretário-geral do PS, e que ao mesmo tempo garante que só promete aquilo que pode cumprir. Pois aqui é que duvidamos. Entre essas promessas está o fim da TSU dos pensionistas, a promessa de não despedir mais trabalhadores na Função Pública, revogar os cortes no Complemento Solidário de Idosos e não aumentar os impostos. Citamos apenas estas já que as restantes parecem saídas de qualquer partido político antes da ajuda externa. Ora este é o mesmo PS que assinou o memorando em 2011? Não, não é. Este é o PS da caça ao voto. Tal como PSD e CDS que andam por aí com promessas de redução de impostos e acabam depois a aumentar o IVA. É lamentável ver que os partidos de maior responsabilidade eleitoral neste país, que igualmente cometeram as asneiras que hoje pagamos, continuarem reféns das fragilidades de sempre: numa animada dança de cadeiras quando cheira a eleições. É bom mesmo que a Troika continue por cá a controlar que nos governa. Já vimos todos onde gostam mais PS, PSD e CDS de andar: de festa em festa, de cacique em cacique, e de poiso em poiso com troca de lugares de confiança política pelo meio. E, como sempre, somos nós e os nossos bolsos que empobrecemos. Aconteça o que acontecer, Portugal tem anos penosos pela frente. Com o povo a sustentar os vícios de quem por cá continua a acenar com promessas vãs.

*Crónica de 19 de Maio, Antena Livre, 89.7 Abrantes.

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