Momento «Em nome de ti, ALA», dia 125.
Momento «Em nome de ti, ALA», dia 125: «Sempre me senti só, mas a pessoa tem de estar assim para escrever. O último livro que me deu prazer ler foi o de um escritor espanhol, de quem eu sou amigo, o Juan Marsé. Chama-se Caligrafia dos Sonhos, não é um autor inovador, mas aquilo é muito bem feito no sentido ético da escrita e com respeito pelas palavras. Não é da minha família literária, mas gosto muito dele e da obra. O século XX teve dois grandes escritores: o Proust e o Céline. Hoje em dia, isso é aceite pacificamente, mas quando comecei ainda me lembro de o Eduardo Prado Coelho pôr o Céline pelas ruas da amargura. Era considerado pela nossa inteligência um escritor de segunda ordem! Mas, recordo-me, as críticas aos meus livros eram péssimas ao princípio e, o que é extraordinário, apontavam como defeitos o que eu achava que era as virtudes. Já a crítica no estrangeiro é completamente diferente, porque a distância toma o lugar do tempo. Em Portugal havia uma ideia, e ainda há, que explica o sucesso de alguns escritores que estão agora a publicar, mas é muito fraco o que se faz. Escrever é um ofício, não se pode fazer mais nada! Se sempre houve muito poucos grandes escritores, em Portugal nunca tivemos isso».
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