Momento «Em nome de ti, ALA», dia 155: «Nunca me foi tão difícil escrever uma crónica: três dias a rasgar papel. Normalmente fico uma hora ou isso, de caneta suspensa, e depois as palavras começam a sair sozinhas. Esta não, e já estou farto de deitar frases para o lixo. Julgo que se deve ao facto de ter demasiadas coisas dentro de mim, de viver uma altura difícil, de me achar melancólico e revoltado. Melancólico com a minha situação, revoltado com a situação do meu país. É raro o dia em que não me pedem
- Não me arranja um emprego?
a mim, que não possuo poder nenhum, e lá fico a ouvir histórias desesperadas e tristes. Os portugueses estão a sofrer muito, e o sofrimento dos portugueses é mais importante que o meu: que direito tenho de me queixar seja do que for? Quanto a mim não consigo fazer nada, quanto aos outros a minha importância colectiva é nula».
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