Uma silly de canseira.


Até 28 de Setembro há um enorme espaço de tempo, sobretudo na vida e na cabeça dos portugueses. Uns vão de férias, outros há que estarão desempregados a fazer contas à vida, e há ainda aqueles que vão estar a trabalhar, sempre com mais preocupações que as guerras entre os nossos queridos governantes. Ora, todos já sabemos, que 28 de Setembro é a data marcada para as eleições primárias no Partido Socialista. Uma votação aberta a militantes e a simpatizantes do partido e que irá ditar a escolha do candidato a primeiro-ministro nas próximas legislativas. A verdade é que ninguém quer saber da casa socialista. As pessoas estão cansadas desta festa que há décadas por cá tem andado. E passar a silly season em campanha eleitoral interna pode ser perigoso para o vencedor que saia destas directas inquinadas. O perigo maior é mesmo o cansaço que tanto António José Seguro como António Costa já estão a provocar no eleitorado. Costa quis finalmente ir a jogo. Já neste espaço o dissemos: tarde demais, sobretudo para um homem que andou aos solavancos nos últimos três anos. É certo que falamos do maior partido da oposição, do maior partido político português, que teve um papel importantíssimo na transição democrática depois do 25 de Abril. Contudo, também por esta razão, se espera uma responsabilidade acrescida dos seus responsáveis. Precisamente o contrário do que temos vistos até aqui, com os dois candidatos a terem atitudes infantis de meninos que mais parecem ter saído da escola primária há pouco tempo. O entretenimento em que vão andar durante este Verão de 2014 nem chegará para aquecer a coisa, para isso, já bastaram as cenas lamentáveis de agressões verbais e físicas que assistimos nas últimas semanas. O PS não merece isto. A história que carrega também não. Mas isto também dá razão aqueles que dizem que estes são os políticos que formamos nos últimos anos. Isto também mostra que são feitos de massa mole. Entretanto, o Governo vai levando mais longe a dose de austeridade e ganhando terreno sem contestação, muito à custa das birras e irresponsabilidades do PS. A oposição há muito que deixou de existir, e, não é certo que nos próximos três meses ela regresse, já que a prioridade é a luta pelo poder para os lados do Largo do Rato. No meio disto tudo há um país a assistir ao circo. Veremos se António Costa chega lá e em que estado chegarão todos às legislativas do próximo ano. Para nós, cidadãos eleitores do lado de cá, é demasiado penoso o fardo que temos pela frente. Opções e alternativas pouco credíveis e sem homens e mulheres capazes de nos inspirarem confiança.

*Crónica semanal de 30 de Junho, Antena Livre, 89.7, Abrantes.

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