O orçamento do terror. Mais um.
Na
semana que passou os portugueses ficaram a conhecer a proposta do Orçamento do
Estado para 2015. Aqueles
que pensavam que este ia ser o Orçamento pré-eleitoral, com medidas populistas
e a apelar ao coração do eleitorado, enganaram-se. Ainda
que o Governo queira passar manteiga junto de todos nós, a verdade é que o
documento que irá gerir a vida do país no próximo ano está repleto de
hipocrisias e premissas envoltas em promessas que nunca se irão concretizar. A Troika saiu mas as medidas gravosas de austeridade permanecem.
Entre aumento de impostos, redução de prestações sociais, diminuição de verbas
para a Saúde, Educação e Justiça e políticas que sustentam a máquina fiscal, pouco
mais resta neste impiedoso Orçamento que irá, mais um ano, tornar num Inferno a
vida dos cidadãos. O mais demagógico é a carrada de «ses» anunciados como se de
benesses se tratassem. Os impostos só baixarão se as receitas fiscais,
nomeadamente no IRS e no IVA, forem maiores que o esperado. Alarga-se a natureza do crédito fiscal apelando aos portugueses
para pedirem factura em todo o lado com o argumento de que só assim há margem
para a redução de taxas e sobretaxas que incidem sobre os rendimentos. Criminalizam-se as ofensas a funcionários do Fisco para acautelar
o bom sucesso da arrecadação de receita. Tudo somado e multiplicado dá uma conta terrivelmente assustadora.
Uma conta que é mais de subtrair e que expõe o Estado a um nível de terror
nunca antes visto. Se isto é caminho então não sei onde irá parar este País, apenas
sei que o futuro continua ensombrado. Paralelamente contam-nos a história do Capuchinho Vermelho em
forma de Fiscalidade Verde. Ora, as medidas anunciadas, como a dos sacos de
plásticos a 10 cêntimos visa unicamente arrecadar mais uns milhões
insignificantes. As taxas sobre os transportes têm tudo menos premissas de
mobilidade sustentável associada. E não há Economia Verde sustentada em medidas
mascaradas. É este o principal problema deste resgate: basicamente não se
reformou nada, tudo permanece transversalmente em gestão quase corrente. Uma coisa é certa, o futuro que nos espera é tudo menos luminoso.
2015 será mais um ano de austeridade profunda. Cumprir as exigências de quem
nos financiou é entendível. O que não se compreende é que a cegueira que isso
provoca está a destruir um país. Está a deixar uma sociedade doente. E um país
doente é um país sem esperança. Com eleições à porta e o eleitoralismo de António Costa à mistura,
veremos como conseguirá o eleitorado comportar-se. Mais dramático que a
destruição de um povo é a falta de confiança que os cidadãos têm nos seus
políticos. Os mesmos políticos que nos atraiçoam na hora em que mais precisamos
deles.
*Crónica Antena Livre, 89.7, Abrantes, de 20 de Outubro. OUVIR.
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