Sócrates e o direito à presunção de inocência.




O resto do País (que ontem à noite não deu conta) acordou este sábado com a notícia que mudará decerto o futuro, sobretudo ao nível do Estado, dos governos e da Política. Neste momento é muito triste ver o que, em poucas horas, já centenas de pessoas disseram e escreveram. Vivemos num mundo de especulação em que o linchamento gratuito é algo que parece ser a coisa mais normal do Mundo. Deixemos a Justiça funcionar, paremos e respeitamos a condição de presunção de inocência. Eu estou completamente à vontade para dizer isto porque, como é público, nunca fui uma defensora de José Sócrates nem daquilo que política e ideologicamente ele representa. Condenei muita da sua acção política mas também achei que houve muita acção que não foi em vão. Por isso, para os críticos e apoiantes do antigo primeiro-ministro, tecer comentários como os que acompanhei ao longo do dia é lamentável. Quando os factos ou as acusações chegarem, aí sim, falemos, desabafemos, digamos o que sentimos. Acusemos. Até lá, o silêncio é o melhor avaliador do momento. Mas, como em tanta coisa neste país, não bastava ter uma comunicação social animadora de circo, temos agora (sobretudo nas redes sociais) um comentador e especialista em cada mural. Às vezes apetece-me mesmo mudar de Planeta. Uma coisa é certa: o dia de ontem trará certamente muitas viragens de paradigma(s), seja de pensamento, de momento, ou de reflexões sobre o estado a que chegamos. Vivemos num país podre. Uma podridão que o monstro criou. O monstro é a Democracia. É nisto que, por ora, me detenho. Sócrates? Tem agora, porventura, o maior desafio da sua vida: com a Justiça e com o Povo. 

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