2014: o ano da Justiça.
No final de mais um ano
é tempo de fazer balanços. A verdade é que cada vez se torna mais difícil olhar
para trás e pensar no que aconteceu. Tal como era esperado o
País entrou em 2014 com poucas esperanças de que pudessem chegar melhorias ao
nível do emprego, do desempenho económico e da redução das desigualdades
sociais. A meio do ano
assistimos a uma encenada saída da Troika. Mascarada, claro está, porque todos
sabemos que os senhores da Europa e do FMI andam nos bastidores a controlar o
Governo e a lançar avisos quando os impulsos eleitoralistas esticam a corda. Num ano marcado por
conturbadas danças de cadeiras no Partido Socialista (com umas eleições
europeias pelo meio que apimentaram a festa no Largo do Rato), assistimos a um
segundo semestre como até hoje nunca tínhamos visto. Foi em plena época
estival que a Justiça portuguesa mostrou aos portugueses e ao sistema político
que, à míngua de dinheiro, é o poder judicial quem manda. Desde a derrocada do BES,
passando por Duarte Lima e pelos Vistos Gold, terminando no estrondoso caso de
José Sócrates, foram os tribunais que fizeram História.
Ainda não sabemos a
dimensão das investigações em massa a que temos assistido. Seja como for, há algo
que parece estar a mudar. Há uma vontade assustadora da magistratura para
esgravatar até ao tutano a origem dos «porquês». Um ponto que, para mim, deixa
todos (cidadãos, Estado, sistemas político e judicial) baralhados. Não sabemos
se estamos a assistir ao que agora chamam de «justicialismo», ódios ou meras
teorias conspirativas. E se juntarmos a isto uma reforma conturbada do Mapa
Judiciário (com um centro-direita no poder), talvez as conclusões não sejam
assim tão simples. 2014 é de facto o ano
da Justiça. Seja para o bem ou para o mal. Não sabemos é para onde tende a
mudança. Sabemos apenas que algo está a mudar no escrutínio aos agentes que
ocupam as cadeiras dos poderes económico, financeiro e político. O próximo ano é de
eleições. E uma coisa é certa: mesmo que não saibamos se as nossas vidas vão
mudar para melhor, mesmo sem saber como progredirá a economia e o país, a
verdade é que 2015 será um ano de viragem. Ou rumamos para o caminho certo,
continuando a pôr termo às más práticas, ou regressamos à estrada da morte,
onde desfilam desleixos e o «deixa-andar» do costume.
Haja esperança. Um
Feliz Ano Novo a todos!
*Crónica de 29 de Dezembro, Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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