Cavaco e Santana. Protagonistas de uma classe que definha sem dar por isso.


«Nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers relevantes para o País». A frase, de Cavaco, que pode bem vir a ficar para a História como o 'Presidente do Silêncio', consta do prefácio escrito na IX edição dos 'Roteiros' de Belém, publicado hoje pela Presidência da República. Santana, o animal das mil e uma vidas, já veio apressar-se dizendo que cumpre os requisitos do perfil. A memória desta gente é bem curta. Por um lado, é de uma arrogância extrema um Presidente ainda em funções dar-se ao luxo moral de traçar um perfil para o seu sucessor. Por outro, Santana esquece-se rapidamente da 'boa e má moeda', em que ele próprio foi destinatário num artigo de Novembro 2004 no Expresso (e pouco antes da queda do seu Governo), escrito pelo então professor Cavaco Silva. No texto, o actual Chefe de Estado citava a famosa Lei de Gresham que diz que «a má moeda expulsa a boa moeda», uma analogia para dizer que «os agentes políticos incompetentes afastam os competentes», direitinha para o actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A classe definha, e parece continuar a não dar por isso. 

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