Com amor, dedicado aos pilotos grevistas!


Tal como eu, calculo que um país inteiro tenha ficado perplexo com as declarações do dirigente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, Hélder Santinhos, na passada sexta-feira. Falo da satisfação que o dito senhor mostrou em frente às câmaras de televisão dizendo que se congratulava por a greve dos pilotos da TAP ter causado à companhia um dano de 30 milhões de euros. Este senhor não merece ser trabalhador, nem sindicalista da TAP, merece sim ser aniquilado em todas as suas formas de intervenção. Não foi só a TAP que perdeu milhões de euros com esta paralisação. Foi Portugal que perdeu muitos milhões de euros, foram muitos passageiros que perderam o seu dinheiro e o seu tempo. Este domingo foi o décimo e último dia de greve dos pilotos. E ao que se sabe este bando de irresponsáveis, que representa uma minoria da classe, tenciona avançar com nova greve caso as reivindicações que invocam não sejam cumpridas por parte do Governo no âmbito da privatização. Sejamos claros. Os senhores que representam este sindicato constituem aquilo a que eu chamo de gente sem carácter, que pára um país protestando por causas completamente diferentes das de um trabalhador normal. Não lutam pela melhoria de condições de trabalho, não protestam por corte de salários nem por despedimentos, gritam por benesses que qualquer cidadão comum não sabe o que é. A TAP, já se percebeu, vai ser bandeira eleitoral nos meses que se seguem. Mas aqueles que protestam contra a privatização, deviam antes pensar duas vezes antes de abrirem a boca para dizerem asneira. A questão é simples: uma empresa que dá prejuízo deverá continuar a ser financiada pelos contribuintes? Se querem tanto que a TAP se mantenha maioritariamente pública era bom de ver a transportadora aérea ser entregue aos pilotos e a todos os que a defendem pública e ver toda esta gente a geri-la. Se uma empresa é ruinosa há que a encerrar ou privatizá-la. Porque a velha bandeira das nacionalizações há muito que deixou de fazer sentido, nomeadamente quando os cofres do Estado esvaziaram. Eu sou cidadã, contribuinte e eleitora. E gostava de ver um político dizer-me isto de forma simples: o que preferem os portugueses? Ter uma TAP e uma RTP, por exemplo, ruinosas e com constante injecção de capital público ou verem os vossos impostos baixarem porque já não alimentamos elefantes brancos? Só que esta, caro ouvinte, é uma pergunta demasiado simples e directa para ser feita deste modo. Pois eu estou-me borrifando se a TAP é pública ou privada. O quero é que a carga fiscal baixe, em vez de andarem a encher com os meus impostos os cofres das empresas públicas que dão prejuízo. Chamem-me os nomes que quiserem. Só vos deixo uma pergunta no ar: quantos de nós podíamos dar-nos ao luxo de fazer uma greve de dez dias e tecer os comentários que estes senhores têm feito ante as câmaras de televisão? É bom que pensemos nisto. É isto também que faz a diferença nas urnas. 

Crónica de 11 de Maio de 2015, Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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