Grécia. A montanha de exigências que vai parir um ratinho.
Na semana
passada, depois de cinco meses de negociações, o Eurogrupo não conseguiu
novamente chegar a um acordo com a Grécia que permita libertar a tranche de 7,2
mil milhões de euros, necessária aos cofres públicos do país. A poucos
dias de expirar o atual programa de resgate e a data limite para Atenas pagar
1,6 mil milhões de euros ao FMI, está marcada para hoje (segunda-feira) uma cimeira da zona
euro que promete ser bem quente. Na verdade o
impasse criado pela Grécia tem, como já neste espaço o dissemos riscos elevados.
O próprio ministro das Finanças grego começa, por um lado, a baixar a guarda e
já disse que vai para Bruxelas para alcançar "novos compromissos". No país, é
ainda muito preocupante a situação do setor bancário, com a crescente fuga de
depósitos, que terão superado os 2 mil milhões de euros só a semana passada.
Fala-se mesmo em ativar o controlo de capitais, limitando a saída de dinheiro. Mas não é só
a Grécia que está em causa. Uma implosão da Grécia poderá criar ondas de choque
por toda a zona euro. A mim
preocupa-me continuar a assistir a uma brincadeira que nos pode sair ainda mais
cara. Estou cansada da irresponsabilidade política de todos os líderes europeus
e de brincarem com as nossas vidas, dentro e fora deste país. A Grécia
entra em caminhos perigosos mas, ao mesmo tempo, escolhe o seu rumo em
liberdade e estando disposta a pagar um preço demasiado elevado por isso. Seja como
for, esperamos todos por uma solução, ansiamos todos por uma resposta
conclusiva. Já não podemos mais é viver neste impasse. A União
Europeia fragiliza-se de dia para dia. E no meio da intransigência grega vive
em suspenso sobre o futuro que a espera. Portugal vai
no barco sem saber para onde rumar. E o mais triste de tudo isto é que milhões de cidadãos europeus vão assistindo à brincadeira
sem nada poder fazer.
Crónica de 22 de junho de 2015, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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