2015? É em frente.
No espaço de
duas semanas foi ver a campanha eleitoral rumo às legislativas já com a máquina
oleada. De Passos a
Costa, passando por Portas, os principais candidatos a primeiro-ministro
tiveram honras de prime-time em mais do que uma televisão. Os
discursos, as frases criteriosamente estudadas, o tom, mas também a forma, tudo
pensado ao pormenor para que nada falhe, para que cada entrevista assegure o
eleitorado e a cruz desejada nos inícios de outubro. Rasgos de
esperança, esses, nem vê-los, apesar de todos eles dizerem ao que vêm. No
centro-direita, a estratégia é clara e óbvia: prosseguir com a austeridade,
cortando aqui e ali, sem promessas de redução de impostos. As receitas
de IVA, IRS e IRC são sagradas para os próximos quatro anos, e a haver alívio
será miserável, e apenas do lado da famosa sobretaxa que nos vai ao bolso todos
os meses no recibo de ordenado. A ajudar a
maioria de centro-direita temos um Presidente que, pelos vistos, dorme
descansado sem remorsos das declarações que vai fazendo em jeito de apoio à
política económica e financeira seguida nos últimos quatro anos. Do lado do
PS, António Costa promete tudo e nada, vendendo a alma ao Diabo se preciso for,
e sem dar aos portugueses a confiança necessária para uma verdadeira alternativa
de esquerda no país. Entretanto,
agosto está à porta, as férias da política também e a sillyseason do costume, e
em que nenhum cidadão terá pachorra para as rentrées nem para os discursos já
gastos dos líderes que por cá temos. Continuo
apenas a perguntar-me o que vão querer os portugueses nestas eleições. Se o
empobrecimento à direita ou à esquerda. Com Costa ou Passos, há uma coisa de
que não tenho dúvidas: não há margem para borlas, nem para grandes festins. Ainda assim,
psicologicamente falando, Portugal precisa claramente de uma lufada de ar
fresco à esquerda, mesmo que essa mudança traga a mesma receita. Porque trará,
não tenham a menor dúvida. A maior
batalha será recuperar a destruição que nos trouxeram: mais dívida, mais
desemprego, mais emigração, novos e velhos sem esperança. Ainda está para
nascer o político que nos trará de volta a esse país onde todos merecemos viver
e trabalhar condignamente. Eu por mim
continuarei à espera dele. Resta saber se apenas alguns anos ou o resto da
minha vida.
*Crónica de 27 de Julho na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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