A fatura do Novo Banco chega dentro de momentos.
A notícia que todos temíamos chegou. E é
demasiado assustadora perante o cenário que Governo e demais autoridades de
regulação e supervisão bancárias nos pintaram. Conta o Expresso deste fim-de-semana que
o preço final da venda do Novo Banco pode vir a colocar o défice do país de
2014 nos 6%. O processo de venda do Novo Banco, que
está a terminar, pode vir a conter uma perda de mil milhões de euros face aos
4,9 mil milhões que o Fundo de Resolução injetou no banco, sendo que 3,9 mil
milhões foram emprestados pelo Estado. As três ofertas selecionadas – da Fosun,
da Anbang e da Apollo – contêm, contudo, contingências que podem tornar o preço
mais baixo no futuro. A verificar-se este cenário, Governo e
Banco de Portugal terão a sua palavra na lama já que garantiram sempre que não
haveria custos para os contribuintes. Além disso, é já quase certo que a venda
da instituição irá ficar abaixo do preço de mercado, e os bancos participantes
no Fundo de Resolução do BES podem vir a ter prejuízos com a operação, entre os
quais a Caixa Geral de Depósitos, o que teria reflexos no acionista Estado.
Além disso, há ainda os custos dos processos judiciais no âmbito da resolução
do BES que virão reflectidos no preço de venda do Novo Banco. Uma coisa é certa, fica hoje cada vez
mais claro que o Estado irá suportar custos com a alienação do Novo Banco. E é
cada vez mais legítimo questionar sobre o que teria sido menos danoso: nacionalizar
ou vender? Mas há ainda outra opção que nunca
esteve em cima da mesa e que, pese embora o impacto para o sistema financeiro
nacional, talvez pudesse, a longo prazo, ter poupado muitos milhões de euros ao
Estado e aos contribuintes em última instância: falo do encerramento definitivo
do banco. Nem privatizar nem nacionalizar. Deixá-lo simplesmente cair. Talvez esta tivesse sido a resolução
mais simples. Os custos que a privatização trarão aos restantes bancos
nacionais, que ainda continuam com problemas de liquidez e solidez, não trazem
nada de bom no futuro que é já hoje. Quanto a nós, veremos a fatura nas
próximas declarações de IRS, que hão-de chegar todos os
anos e durante muitas décadas.
*Crónica de 6 de julho de 2015, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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