Regresso ao coração do Douro Vinhateiro.

















O esforço é ciclópico. Mergulhar no coração do Douro Vinhateiro é uma espécie de conquista às arribas, ao espaço onde amadurece a vinha por estes dias para, no fim de agosto, se colher a uva que há-de chegar às mesas do mundo. Seja manhã, tarde ou noite, nas terras durienses, o sol de um julho quente, apazigua os espíritos, conforta a alma e rejuvenesce por dentro e por fora. Tal como cantou Torga, que fez dos socalcos e da paisagem, o seu porto de abrigo em tantas noites de poesia, é nos finais de tarde que inflamam emoções e se reforçam os tons estivais de um território que é património da Humanidade desde 2001. Na parra, antevê-se mais um ciclo que se fecha com as vindimas que hão-de chegar lá para os começos de setembro. Da Régua ao Pinhão, de Alijó ao cimo do mundo, regressar à profundeza das gentes e costumes durienses, é uma imensidão de oxigénio, que nos empurra para uma paz inigualável. Só quem se apaixona por um lugar assim, pode compreender a força das palavras que existem para o descrever. Todos deviam vir cá nem que fosse apenas uma vez. «Sobretudo as almas inquietas e que ainda não se encontraram consigo mesmas», como um dia aconselhou Eça. Há demasiado tempo que não me reencontrava com isto. E mais uma vez pelas mãos do mestre que, espero, me guie a Vida inteira: o Jornalismo. E não se esqueçam nunca de ser felizes na partilha que quiserem.

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