A oficiosa taxa de desemprego e a loucura que lavra.
Por
vezes acho que vivo num país de loucos, governado por gente sem a mínima
vergonha. Serve
isto para falar da taxa de desemprego de junho deste ano, revelada na semana
passada, pelo Instituto Nacional de Estatística. Um
valor que se situou nos 12,4% e que levou alguns dos nossos governantes a
abrirem a boca para dizer disparate. Destaco dois deles, ambos do CDS: Pires de
Lima e Pedro Mota Soares. Primeiro
foi o ministro da Economia, dizendo que desde janeiro de 2013 foram criados 202
mil postos de trabalho líquidos, argumentando, ao mesmo tempo, que a taxa de desemprego
de junho foi «pela primeira vez» inferior à que o Governo recebeu de José
Sócrates em maio de 2011. Bem
sabemos que estamos em tempo desesperado de caça ao voto, mas puxar o discurso
da criação de emprego, o mesmo que este Governo criticou em relação a Sócrates,
é passar um atestado de estupidez ao eleitorado. A
fazer companhia a Pires de Lima também o ministro Pedro Mota Soares veio dizer
que o país está melhor, quatro anos depois de uma entrada a pés juntos da
Troika em Portugal. Baralhando
e voltando a dar, na verdade, em matéria de honestidade política, continuamos a
saber com o que contamos. O que este Governo de coligação não diz é que estamos
numa fase do ano em que o emprego sazonal aumenta e a taxa de desemprego
obviamente também se altera. Na
mesma semana, PSD e CDS, que apresentaram o programa eleitoral aos portugueses,
conseguiram ainda a proeza de apagar, num ápice, e como se fossemos todos
loucos, a austeridade criada, a pobreza profunda e os cortes que eles mesmo
promoveram num país que perdeu igualmente milhares de pessoas por via da
emigração e do famigerado desemprego. Um
dia a História escreverá o Fim deste filme. Pode ser que o último capítulo
passe em horário nobre no próximo dia 4 de outubro.
*Crónica de 3 de agosto na Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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