Catarina e Portas: a surpresa desta campanha chegou com eles.




Quem me conhece sabe que há muito tempo (quase desde que me lembro de ser gente) consumo tudo o que seja Política. Desde a atualidade, ao debate, à reflexão. Tenho, obviamente, acompanhado a maioria das entrevistas e debates das últimas semanas neste caminho de pedras rumo às legislativas 2015. Esta terça-feira fiquei (quase) em choque. Quem assistiu ao debate Catarina-Portas certamente achou apenas mais um. Enfadonho. Com mais «banha da cobra», como é bom tom dos políticos em campanha. Contudo, este frente-a-frente conteve algo que, a mim, me deixou surpreendida. Não me lembro (e a memória pode falhar-me) de assistir, nos últimos anos, a um debate com elevação, sério e sem atropelos. Goste-se ou não dos protagonistas, a verdade é que consegui ouvir cada um deles sem interrupções, conseguiram explanar os raciocínios e argumentar sem que o outro interrompesse constantemente. Mais. Ambos se respeitaram mutuamente nos tempos de resposta. Só por isto, este debate corre o risco de ter sido o mais interessante desta campanha eleitoral. Se dúvidas havia sobre o que os separa, claramente que essas interrogações ficaram dissipadas. E muito separa estas duas forças políticas nos extremos opostos ideológicos. É desta postura que os cidadãos/eleitores precisam: de discussão e confronto com elevação. É claro que os protagonistas e os seus perfis também influenciam, sobremaneira, a evolução do confronto. Mas, na verdade, quem viu o debate de ontem de início ao fim, como cidadão, não pode ter ficado defraudado. Quanto ao conteúdo, Portas, visivelmente desgastado pela legislatura que agora chega ao fim, conseguiu manter a linha de defesa que o caracteriza. Foi Catarina quem surpreendeu pela frescura que trouxe ao confronto. Vimos uma porta-voz do BE firme nas convicções, como até agora, nesta campanha não tinha aparecido, além de transportar uma linha de humildade - do género «eu não sei tudo e estou aqui para aprender e ser corrigida» - que obrigou o líder centrista a fazer o mesmo. Hoje, a comunicação social joga tudo no debate Passos-Costa. Mas apostava muita coisa em como o confronto de hoje será tristemente mais vazio e longe da elevação – de tom e de ideias – do de Catarina e Portas. Veremos. Seja como for, enquanto cidadã e jornalista, a surpresa do confronto de ontem deixou-me bem satisfeita. E é disto que a Política e o País precisam.

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