Marcelo tem de responder a uma pergunta básica. A bem da coerência.
Marcelo
Rebelo de Sousa é candidato à Presidência da República. A
candidatura do professor/comentador não foi surpresa para ninguém e surge numa
altura em que o país atravessa momentos de indefinição em torno do futuro
Governo. O
discurso de Marcelo, na passada sexta-feira, em Celorico de Basto, mostrou ao
que vem e que tenciona abranger todas as franjas do eleitorado. Além
de enumerar cirurgicamente os seus percursos social e profissional, o antigo
líder do PSD fez questão de relembrar os portugueses que é um homem de
consensos, chamando a si essa qualidade também conquistada nas bases, em
autarquias e instituições. Olhando
para o cenário atual, e com Pedro Passos Coelho, aparentemente, a esquecer Rui
Rio para a corrida, é a esquerda do PS quem continua refém de um candidato,
ainda que haja dois à escolha. Mas
se a opção até é entre Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa, na verdade ambos não
reúnem o brilhantismo e o consenso de António Guterres. E esse é o maior
problema do PS de António Costa. Com
Marcelo na corrida, e com a comunicação social quase toda de caneta na mão para
dar uma ajudinha, o professor parece à partida ter tudo para chegar a Belém sem
sobressaltos, com ou sem segunda volta. Só
que há uma pergunta a que Marcelo terá de responder: «Se Cavaco viabilizar
um Governo de esquerda, liderado pelo PS, dissolverá a Assembleia da República
e convoca eleições antecipadas?». No
mesmo dia em que Marcelo se apresentou ao país, ficamos todos a saber que
Cavaco leva a sério a hipótese de um Governo de esquerda e, por isso, já chamou
António Costa a Belém, encontro que está marcado para esta tarde. Seja
como for, Marcelo não pode esconder-se sobre esta matéria. Se o fizer isso determinará
o eleitorado pelo qual espera ser eleito e poderá estar a trair parte do
eleitorado que se dispõe a votar nele. De
uma coisa não tenho dúvidas: a meses das eleições presidenciais o candidato
Marcelo é o único capaz de conquistar votos da direita à esquerda. Há muito que
anda em pré-campanha. E sabe melhor que ninguém que os deslizes são proibição
absoluta no caminho até Belém. Resta
saber se o caso de Marcelo, nas presidenciais 2016, irá provar que a sua
popularidade e as sondagens estavam realmente corretas. Uma
coisa é certa: é o candidato mais forte que se perfilava. Se isso valerá a
eleição, saberemos em Janeiro do próximo ano.
*Crónica de 12 de outubro de 2015, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
Comentários