Cinco anos sem ti. A vida inteira contigo.




Confrontos, duros, teremos sempre, a vida inteira. Este 15 de dezembro é, provavelmente, um dos mais cruéis que terei sempre. Há cinco anos quis o destino que assim fosse. Para a vida toda. Mas o teu brilho há-de sempre iluminar-me. Onde quer que vá, tenho-te a meu lado. Sinto-te nas alegrias, mas também nas fraquezas. Sobretudo nas fraquezas. Continuas-me a conduzir por entre caminhos que nem sempre são fáceis. De ti, confesso, que nunca me despedi. Contigo, falarei todas as manhãs, noites e tardes, sempre que a negra nuvem me incomodar. E também me hei-de aborrecer, por me dares os sermões do costume. A ti devo o que sou há 11 anos na profissão que escolhi. A ti devo as certezas que temia não o serem. É por isso que não me desviarei um milímetro do que me ensinaste a ser neste submundo só nosso, chamado Jornalismo. E se não consegui, e se não conseguir, é porque não tenho a capacidade que tu mereces. Mas errando, todos os dias, sei que talvez lá chegue. O resto, bem, o resto, chama-se Amizade, profunda, siamesa, que me concedeste mais do que provavelmente devo. E, neste dia, símbolo da perda, do negro manto que reproduz a imensa e dolorosa saudade que tenho de ti, naveguei no rio, nesse Tejo por onde tanto tu sonhaste. Que a luz que me deixaste jamais esmoreça e se apague. Sem ela, sou aquela cria que se perdeu por instantes, assustada, à procura da mãe.

Carlos Pinto Coelho [18 de abril de 1944 – 15 de dezembro de 2010].

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