Mário Centeno: o ministro das Finanças necessário?


«Haverá uma redução dos fundos disponíveis das administrações públicas para 2015 em 46 milhões de euros e a não assunção de novos compromissos financeiros considerados não urgentes». A frase é de Mário Centeno, ministro das Finanças, que hoje anunciou medidas adicionais de redução da despesa pública. O objetivo é o famigerado défice orçamental de 2,8% do PIB em 2016, já que o deste ano dificilmente ficará abaixo dos 3%. O sucessor de Maria Luís Albuquerque à frente do mais importante ministério do país mostra ao que vem, pelo menos para já. Vem com sentido de responsabilidade, que lhe fica bem, sobretudo pela lucidez e pela moderação que o caracteriza, como aqui já o escrevemos há uns dias. Ainda que as folgas possam dar para larguras em algumas áreas, Mário Centeno sabe que não há dinheiro para festas, que há que gerir bem para pagar as despesas correntes de milhões do Estado. O caso irlandês, apesar de diferente do nosso, é um bom case study, se olharmos para o esforço que o país também teve de fazer. E o ministro das Finanças irlandês, apesar disso, diz que não há margem para folgas na despesa pública (extra, diga-se) do país. É por estas e por outras que chegamos aqui. É por estas e outras que somos nós, povo, cidadãos, contribuintes, andamos a pagar caro os erros políticos do passado e a irresponsabilidade de uma União que se demitiu do seu papel de fiscalizadora e cumpridora de preceitos sustentáveis. Ou ganhamos juízo, ou as gerações vindouras pagarão uma fatura maior que aquela que nos apresentaram. O que me tranquiliza, em parte, com Mário Centeno, é a sensibilidade social que o caracteriza, ao contrário dos seus antecessores no cargo. É um homem lúcido, em matéria de ajustamento financeiro (ainda que os seus discursos não sejam claros nisso) e, ao mesmo tempo, é um homem que sabe que empobrecemos tremendamente nos últimos anos e que há milhões de pessoas neste país que precisam ser levantados. O tempo dirá se estou errada. E Mário Centeno tem ainda um longo caminho de testes e provações para o julgarmos.




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