Sá Carneiro. 35 anos depois, persiste a memória. E muitas dúvidas.




Há 35 anos eu ainda não existia neste Mundo. Havia de nascer um ano depois. Corria o dia 4 de dezembro de 1980. Uma data que havia de deixar um país em choque. O dia em que sete pessoas morriam num acidente de aviação. Entre elas, o primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, e que o próprio, em 1977, já parecia antecipar esse destino: «o meu destino é morrer cedo e só concebo a vida se vivida vertiginosamente». Desde então até hoje, polémicas sobre o trágico acidente à parte, muitas por explicar, ainda paira na mente de muitos portugueses «porquês». Sobre a origem deste destino curto, sobre o que teria sido o país se a História tivesse sido outra. “Ses” e mais “ses” que deixam de fazer sentido a partir do momento em que a realidade se altera. Porque o caminho não é feito de “ses” mas sim de factos e presente. Contudo, as ideias, o pensamento e a forma como Francisco Sá Carneiro se apresentou ao país, as formulações – económicas e sociais - daquilo em que acreditava não foram indiferentes a ninguém. E até para aqueles que ainda hoje não honram a sua memória, e antes se servem da tragédia para outros fins. Pessoais e partidários. Este 4 de dezembro não será nunca esquecido, nem na História do país, nem na memória que muitas gerações – novas e mais velhas – continuam a ter. É por isso que lembraremos sempre a data, ainda que ela continue a representar mais dúvidas do que certezas. E dos discursos, alguns longos, outros menos, que proferiu e escreveu, deixamos um excerto que ainda hoje pode ser bem atual à luz da interpretação de cada um.  

«A pessoa humana define-se pela liberdade. Ser homem é ser livre. Coartar a liberdade é despersonalizar; suprimi-la, desumaniza. A liberdade de pensar é a liberdade de ser, pois implica a liberdade de exprimir o pensamento e a de realizar na ação». Francisco Sá Carneiro, discurso na Assembleia Nacional. 1971.

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