30 anos depois, o fim do Cavaquismo.




Termina hoje (ainda que não oficialmente, porque só passará o cargo a 9 de março) o legado de Cavaco em Belém. A data de hoje, em que Portugal escolhe o sucessor de Cavaco, marca também o fim temporal de três décadas de Cavaquismo no poder. Aos 76 anos, quer gostemos quer odiemos, fica na História da Política Portuguesa, por ter sido o primeiro-ministro que mais anos esteve em funções – dez anos consecutivos, em três governos – o primeiro líder partidário a alcançar uma maioria absoluta em Portugal (em 1987) e o único que conseguiu repetir o resultado em duas eleições consecutivas (1987 e 1991). Se o primeiro mandato na Presidência da República foi uma espécie de promessas vãs, com preocupações sociais, e discursos institucionalistas, a verdade é Cavaco foi longe demais na difícil coabitação com José Sócrates quando este era primeiro-ministro. Foi longe demais sobretudo porque não soube ter, para com quem governava, a solidariedade que tanto se exigia. O segundo mandato, que podia de facto ter feito a diferença num lugar onde os poderes, como sabemos, são limitados, na verdade não passou dos Roteiros presidenciais país fora. Muitos não terão saudades de Cavaco, outros, seguidistas, vão ter. Mas seja qual for o lado em que os portugueses estejam, a verdade é que lhe deram o poder absoluto durante 30 anos. Chega ao fim esse legado nas cúpulas do poder e, para Cavaco, certamente ontem já era tarde. Descansa ele e descansamos nós.

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