35 horas semanais na FP. O debate transversal que nunca chegará.



Esta semana as notícias que dão conta do regresso das 35 horas semanais na Função Pública começou, como é hábito, a provocar a discussão, pública e publicada. Este é um tema caro para todos aqueles que se identificam com os valores de Abril. E acho eu que, esses valores, são queridos a todos os portugueses, não só à esquerda mas também à direita, não só no público como no privado. Todavia, para os que defendem as 35 horas na Função Pública e argumentam com a «equidade» e «justiça social» pergunto eu: onde param esses conceitos em relação ao setor privado [em que muitos trabalhadores ganham, em média, menos do que o público, com condições laborais indignas, e nem sequer têm no topo das suas preocupações a carga semanal de trabalho]. Nunca trabalhei no público, é certo. Mas sei que, desde entrei no mercado de trabalho – privado –, nunca foi um assunto prioritário para os trabalhadores das empresas por onde passei. Há uma diferença (há muitas, como todos sabem) entre público e privado. Mas, ao fim de todos estes anos, prevalece a ideia coletiva no Estado de que os direitos são imaculados, e o privado, esse, que ajude a economia, que trabalhe pela riqueza, para pagar a dívida pública, as pensões, os salários públicos e os desempregados, desgraçados, vítimas de um sistema que de justo e igual, pouco ou nada tem. Trabalhar mais horas não é sinónimo de produtividade, é certo. Mas esta reportagem da TSF (podia ilustrar com tantos outros casos profissionais que conheço no setor público, mas por uma questão de privacidade não o farei) demonstra bem que esta questão devia ser alargada e transversal na sociedade portuguesa e não ficar apenas pela Função Pública. Mas até hoje nenhum dos governos que nos comandou teve coragem para tal.

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