A Teresa partiu. Mas deixou-nos a Causa para a Vida.




Ontem, ao final da noite, o telefone tocou. O número era desconhecido. Pensei: ou é trabalho ou é uma má notícia. Era, de facto, uma notícia tremendamente triste. Teresa Almeida, a fundadora da Sol, falecera, vítima de cancro. Falar da Teresa é falar de bondade, de um ser humano que se transcende para lá da massa terrena. Conhecia-a em 2004, quando, no jornal A Capital, o Luís Osório, meu diretor, me punha em mãos um trabalho de fogo. E era-o, sobretudo, para uma jovem jornalista que ainda tinha tanto para aprender e calcorrear nos caminhos da profissão. Reportagem de 8 páginas para uma edição de fim-de-semana do mês seguinte. Tema: a Associação Sol. Tremi. Passar uma semana, a viver, com crianças infetadas pelo vírus HIV, era uma missão que eu, antes de partir para o trabalho, achava que não estava à altura. Pouco tempo tive para me preparar, sobretudo psicologicamente, para lidar, o melhor que sabia com seres tão pequeninos e cujas vidas tinham sido traçadas mesmo antes de terem nascido. Foi a Teresa que me guiou. Foi ela a principal responsável por ter feito o trabalho que fiz. Sem ela, não teria conseguido. Mostrou-se a associação, apresentou-me às crianças, explicou-lhes ao que vinha, tudo tão natural, tão simples, e, ao mesmo tempo, tão marcante. Graças a ela muitas crianças puderam ter um crescimento digno, uma vida escolar em paz, uma infância feliz. Era uma mulher Grande, de Causas e Humanismo. E graças a ela cresci tremendamente, por dentro e naquilo que eu punha no meu trabalho. Sim, todos os sonhos eram possíveis. E ontem, antes de adormecer, foi a Teresa que me acompanhou no último ritmo de pestanas. Portugal e o mundo ficam mais pobres. Eu, eu jamais a esquecerei. Até já, Teresa.

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