Até onde o CDS deixará ir Cristas?




É uma tradição. É quase como que um ritual esperado para os que sabem o que se segue a uma noite eleitoral. Vencedores e vencidos alternam de lugar e, já se sabe, quem perde, tem sempre a liderança a prémio. PSD e CDS andam, por estes dias, nessa lide. E pelo menos até ao fim do primeiro semestre de 2016 assim será, entre diretas e congressos, e jogos nos bastidores. Fazem-se apostas nas redações, nas conversas de café, entre família, enfim, em todo o lado onde se goste de falar de política. Serve isto para dizer que nem sempre o óbvio é certo. Nuno Melo provou isso mesmo esta quinta-feira, terminando com o sufoco de inúmeros militantes e simpatizantes do partido que o queriam ao leme. O atual eurodeputado explicou ao país que não avança por razões essencialmente pessoais e familiares (o de cumpridor de mandatos não me convence para o caso). Está no seu direito. Quem o conhece sabe que avaliou tudo, ao milímetro, e não tomou a decisão de ânimo leve. A porta abre-se, assim, a Assunção Cristas, que acaba de anunciar que é candidata. Contudo, temo muito que a antiga ministra da Agricultura não venha a ser a líder que os centristas tanto desejam. O prestígio e mediatismo que alcançou nos últimos sete anos, primeiro no Parlamento, e depois no Governo, sempre ao lado de Portas, dá-lhe pontos para somar daqui em diante. Contudo, o facto de não ser uma militante de base pode ser um grande senão. Quem conhece o CDS, e o legado de Portas, sabe como funciona a cabeça de militante. E Nuno Melo era, por isso, o nome tão desejado no seio do partido. Seja como for, também resta saber até onde, afinal, vai a vontade de Nuno Melo em ser candidato à cadeira do Largo do Caldas. Aos 49 anos, é certo que ainda tem tempo, mas o tempo esgota-se em cada ciclo político. Será interessante perceber como reagirá o partido ao perfil da senhora que, aparentemente, se segue no CDS. E também veremos até onde o seu pulso aguentará as pressões que virão, inevitavelmente, de muitas alas populares. E até onde o CDS a deixará ir.

P,.S. – Passos agradece o silêncio para os seus lados, mas a liderança «laranja» ainda lhe vai dar muitas dores de cabeça. O seu querido «padrinho», Ângelo Correia, já veio à praça defender uma candidatura de Rui Rio à liderança do partido. As amizades e os padrinhos, pelos vistos, já não são o que eram, em política. Nunca o foram, por sinal.

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