Feriados, pontes e afins.
É oficial. O Governo vai repor quatro feriados
em 2016: dois religiosos (Corpo de Deus e 1 de novembro) e dois civis (o 5 de outubro
e o 1.º de dezembro), retirados do calendário pelo Governo de Pedro Passos
Coelho em 2013. Serve
isto para dizer que me choca a forma como muitos meios de informação logo se
apressaram a enquadrar o feito juntando ao assunto expressões como: «vai dar
para pontes perfeitas». Sou uma nacionalista convicta, sempre defendi e
continuo a zelar pela portugalidade, que só a nós, povo português, nos
pertence. Celebrar datas – sejam elas civis ou religiosas – faz parte do ADN de
um povo. O mais chocante nem é a reposição dos feriados (a relação
produtividade versus feriados é-me completamente indiferente, já que não é isto
que altera significativamente a riqueza de um país, mas sim o nível, ritmo e
qualidade do nosso trabalho), mas o ponto que a eles se junta. As tais «pontes».
E isto meus caros, isto corre nas nossas veias enquanto coletivo. Se somarmos a tudo
isto prioridade nas decisões, acho que há matérias mais urgentes do que a dos
feriados para nos preocuparmos. Não haverá questões sociais – seja na Saúde, na
Educação, Justiça ou Segurança – que façam mais diferença na vida dos
portugueses em 2016 do que a dos feriados? É em pontos como este –
verdadeiramente eleitoralistas – que António Costa está refém de uma esquerda
que acha que cabe ao Estado dar tudo – o que tem e não tem - aos cidadãos. O
problema é que nenhum Estado de Direito pode dar tudo, como sabemos. E Portugal
só poderia, um dia lá chegar, se fosse como uma empresa privada cujos dias lhe
correm de feição: ou seja, sustentável. Os nossos velhos, dizem, vão ter, em
média, dois euros a mais na sua pensão indigna. Por mim, retirem os feriados
todos do calendário, se a seguir me disserem que os nossos pais e avós terão
uma reforma justa, terão cuidados de saúde pública de excelência e que as nossas
crianças têm acesso à infância e educação que a Constituição lhes confere por
direito. É por estas e outras que este país não anda como devia: centramo-nos
na árvore e não no ramo que é preciso cuidar.
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