Na estrada, rumo ao Palácio.




Arrancou este domingo a campanha para as presidenciais 2016. Até agora, e depois da maratona de debates que os candidatos a Belém protagonizaram, pouco ou nada ficou esclarecido. Se os eleitores tinham alguma dúvida sobre o seu sentido de voto no próximo dia 24 de janeiro, de pouco lhes valeu os confrontos mediáticos que, apenas mostraram guerrilha pessoal, vazio de ideias e frases feitas para soar bem em televisão. Dez candidatos é algo impensável numa eleição de natureza tão digna. Contudo, ao mesmo tempo, o feito prova que a democracia está viva e recomenda-se, ainda que alguns pretendam apenas o palco mediático para se promoverem, como diz Miguel Sousa Tavares. Duvido muito que as próximas duas semanas de terreno sirvam para mudar alguma coisa no panorama. E partindo do pressuposto que em presidenciais o voto ideológico fica na gaveta, muito dificilmente haverá grandes surpresas. Apenas Sampaio da Nóvoa, encostado a uma ala mais à esquerda do eleitorado do PS, pode proporcionar uma eventual mudança de rumo e obrigar a uma segunda volta. O eleitorado que o antigo reitor da Universidade de Lisboa disputa com Marcelo e Maria de Belém poderá representar aqui a única caixinha de surpresas. E seria interessante um cenário destes. Primeiro, para desmistificar a ideia de que isto não pode ser um passeio para Marcelo, e, depois, para percebermos todos, quem e o quê realmente os portugueses querem sentar em Belém. Seja como for, quem vier a ocupar o trono do Palácio tem de nos trazer um rasgo diferente daquele que o atual Chefe de Estado nos proporcionou neste último mandato. Havemos de voltar ao tema Cavaco nas próximas semanas naquela que é a sua reta final de décadas no poder em Portugal, mas, por agora, resta-nos perceber ao que vêm e o que querem os principais candidatos ao cargo. Sem desprimor de todos os outros, apenas Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém e Marcelo chegarão lá. E a escolha, essa, será decisiva para sabermos para que perfil presidencial tende o voto dos portugueses. Que seja uma campanha com elevação e sentido de Estado. O cargo e todos nós merecemos.


*Crónica de 11 de janeiro na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.

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