Guterres e Durão: dois homens separados pelo Humanismo.





António Guterres e Durão Barroso protagonizaram ontem, na RTP, um momento histórico e, ao mesmo tempo, hilariante. Comecemos pelo fim. Dois  ex-líderes políticos, dois antigos primeiro-ministros, que abandonaram, cada um em seu tempo, o barco do país. Dois portugueses que encontraram lá fora o sucesso que cá dentro não conseguiram. E do fracasso da gestão nacional passaram para o lado oposto: o de uma ascensão profissional que lhes deu tarimba internacional e prestígio. Ambos estão hoje como «peixe na água», ao nível da análise internacional, da nova ordem mundial e dos problemas que afetam e unem o mundo global, como o terrorismo, por exemplo. Contudo, quem assistiu ao programa percebeu claramente que não é apenas a doutrina e a cor ideológica que os afasta. É também o Humanismo e a Humildade. Durão, em cada intervenção, puxava dos galões: “quando eu era presidente da Comissão Europeia”; “agora que dou aulas nos EUA…”; “quando isto, quando aquilo”. Guterres, por seu turno, nunca usou o seu passado, nomeadamente como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR, para analisar o mundo. Pelo contrário, de forma nua e crua, mas também sensível e solidária, falou do que sabia, deu-nos aquela que é a visão de um homem que sabe, melhor que ninguém, o que são dramas humanitários e sociais. Se alguém tinha dúvidas do que une e separa estes dois portugueses, no programa de ontem, elas ficaram totalmente dissipadas.

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