O OE 2016 possível.
Bruxelas
viabilizou, na semana passada, o Orçamento do Estado para 2016. Após
semanas de intensas negociações na Europa e em Portugal, o Governo português
consegue passar no primeiro grande teste do seu novo tempo no país. Contudo,
e ao contrário do que muitos pensariam, este é também um Orçamento de
austeridade, na linha da anterior Coligação, mas maquilhada com outras cores. António
Costa, que tem um acordo parlamentar para gerir à esquerda, sabia que não teria
muita margem. Do
lado público, há um travão na admissão de funcionários públicos
negociado com a Comissão Europeia, voltando a regra de por dois funcionários
que saem do Estado entra apenas um. A proposta de lei que já
deu entrada na Assembleia da República mantém a proibição de valorizações
remuneratórias, restringe a admissão de prémios a, no máximo, 5% dos
funcionários, e estende o regime que reduz o preço a pagar pelas horas
extraordinárias a quem trabalha 35 horas por semana. Já a redução do horário de
40 para 35 horas, que tem gerado uma intensa discussão, não é mencionada no
relatório do Orçamento, o que pressupõe um adiamento da medida. Entre deduções por filhos
e redução da sobretaxa, a maioria das famílias sai a ganhar no IRS. Porém, perde
por via dos impostos indiretos, como o selo do carro e o imposto sobre
veículos, o tabaco ou os impostos sobre os combustíveis. Grosso modo são estas as
linhas mestras de um ano de 2016 que será de grande contenção. Resta saber até onde irá a
retração do consumo interno, o recuo do investimento estrangeiro em Portugal e
como se conseguirá ter um Estado sustentável nos próximos anos. Uma
nota final para a questão da Fiscalidade Verde, tema essencial que o Governo PS
deixa cair, contrariando-se a si mesmo no que respeita ao setor. Se
por um lado, António Costa já disse que as renováveis são uma prioridade para o
seu Executivo, reduzir para metade os incentivos à compra do carro eléctrico
não augura um futuro verde já por si só lento. Nem para
os consumidores e muito menos para um país que tem demasiados défices
insustentáveis para resolver.
*Crónica de 8 de fevereiro de 2016 na Antena Livre, Abrantes. OUVIR.
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